CARLOS COLLA - ISOLDA - LUIZ AYRÃO
entrevista concedida a Carlos Eduardo F.Bittencourt para o
Grupo Um Milhão de Amigos

12.12.1998




Um disco absolutamente diferente de tudo que já havia sido lançado por Roberto Carlos.
E muito bom! Quatro canções inéditas e seis sucessos apresentados agora em versão ao vivo.
Veio daí um “Papo Firme”, também diferente, uma entrevista com três compositores, Carlos Colla, Isolda e Luiz Ayrão,
os três compositores que tiveram músicas relançadas nesse novo CD.
Eles, que já foram entrevistados por nós anteriormente,
vão agora nos contar como se sentem com o privilégio de estar novamente num disco de Roberto Carlos.

CARLOS COLLA
* Como você recebeu a regravação de “Falando sério” no CD, tirada do show “Romântico”?
"CC" – Antes eu gostaria de falar um pouco sobre a admiração que tenho pelo Roberto. Ele é meu ídolo, e se existo como compositor é porque ele me “inventou”, isso é uma verdade. É que foi ele quem me fez trocar o Direito, minha antiga profissão, pela música. Quando fez isso Roberto me fez um homem feliz, me tirando de uma vida árida e dura e praticamente me ensinando uma profissão, onde eu só tenho encontrado alegria e felicidade. “Falando sério” é uma das músicas que eu mais gosto e foi a que me consagrou como compositor, tanto aqui quanto na América Latina, Itália, Espanha e até nos Estados Unidos. Em resumo, “Falando sério” foi a música que mudou a minha vida e o prazer que sinto em vê-la sendo regravada é muito grande, principalmente porque o Roberto regravou poucas músicas ao longo de sua carreira. É muita coisa boa que ele me proporcionou que nem sei mais o que dizer.

* Você chegou a mandar alguma música inédita para Roberto Carlos gravar este ano?
"CC" – Mandei umas cinco músicas, e uma delas parece que ia ser gravada, pois os músicos já tinham começado a fazer os arranjos de base, mas depois ele resolveu colocar “Falando sério”. Eu fiquei feliz do mesmo jeito.

* Como você soube que a gravação ao vivo de “Falando sério” estaria no CD?
"CC" – Quem me disse foi meu amigo Eduardo Lages. Aliás eu quero falar sobre a admiração que tenho pelo Eduardo, um maestro maravilhoso e fantástico, também um amigo muito querido. Aliás, Roberto só se cerca de gente boa.

* A gente percebe que você tem um grande carinho pelo Roberto Carlos.
"CC" – Sem dúvida. Ele é uma pessoa maravilhosa e por isso eu peço que todas as pessoas rezem muito por ele, por sua felicidade, porque ele só tem espalhado coisas boas para todos nós. Ele é um homem muito chegado a Deus, talvez a criatura mais perto de Deus que eu conheça. Ao longo dessas quase três décadas que nos conhecemos só tenho visto no Roberto Calos coisas lindas, exemplos bons e serem seguidos. Eu nem sei quem eu mais admiro, se o homem Roberto Carlos ou o cantor Roberto Carlos. Mas eu acho que o homem é ainda maior que qualquer artista possa ser, seja ele ou qualquer outro. Seu exemplo tem que ser seguido, louvado e admirado. Quem tiver um pouco de religiosidade dentro do coração, quem acreditar em Deus, confirmará o que vou dizer: Quando Roberto canta é como se Deus cantasse pela voz dele. Por isso é que nesse ano que começa eu peço que Deus abençoe esse homem, projeta a ele, sua família e todos os seus fãs, que ele tanto tem levado pelo bom caminho e ensinamento a amar a Deus.

Isolda
* Como aconteceu no disco ao vivo de 1988, “Outra vez” foi novamente regravada.
"I" – Eu estou adorando. Foi maravilhoso. Achei linda a regravação e o coro da plateia cantando junto com Roberto. Ficou muito bonita mesmo.

* Há poucos meses conversamos sobre a importância dessa música em sua carreira, mas acho que podemos relembrar.
"I" – “Outra vez” foi feita logo após a morte do meu irmão e parceiro, Milton Carlos. Foi a primeira música só minha que Roberto gravou, e foi muito importante para abrir as portas para mim, pois eu nunca tinha feito uma música sozinha. É uma música que até hoje acompanha a minha vida. Já foram feitas várias regravações e é claro que é a minha canção preferida.

* Para você é a mesma emoção que sentiria se ele tivesse gravado uma de suas músicas inéditas?
"I" – Ter uma música gravada por Roberto Carlos é sempre importante. Teria sido muito legal se tivesse sido uma música inédita mas fiquei muito feliz com a regravação de “Outra vez”.

* Como estava a sua expectativa em relação a esse disco?
"I" – A expectativa é sempre muito grande, uma ansiedade enorme. Um dia a editora me ligou para saber se eu autorizava a regravação de “Outra vez”. Achei maravilhoso retornar a um disco de Roberto Carlos. Depois veio a expectativa de como ela poderia aparecer no CD, porque saiu publicado que ele poderia lançar um medley com “Outra vez”, “Falando sério” e “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”. Poucos dias antes de o disco ir para as lojas é que eu soube que elas entrariam em faixas separadas. Então fiquei mais feliz ainda. Foi a maior surpresa que tive em 1998. Aliás, Roberto é responsável pelas duas grandes surpresas que tive em 98: a primeira, no Metropolitan, quando ele dedicou um show para mim, e depois a regravação de “Outra vez”. Para variar ele é mais uma vez o responsável pelas minhas alegrias.

* Você gostou do disco?
"I" – O disco está muito bonito. Tive o cuidado de ouvir cada faixa com muita atenção. É um disco sincero, lindo, maravilhoso. Musicalmente falando é um disco muito sincero.

* Que recado você gostaria de mandar para Roberto através do nosso jornal?
"I" – Eu espero que ele seja muito feliz que corra tudo bem com ele, que aconteçam muitas coisas boas em sua vida, porque ele merece, por tudo que faz.

Luiz Ayrão
* Como você está se sentindo com a regravação de “Nossa canção”?
"LA" – Foi uma grande emoção para mim ver a música ser regravada pelo Roberto Carlos, trinta anos depois da gravação original. Ficou muito bonita na regravação porque ele está cantando cada vez melhor. Quando ouvi o CD me emocionei muito. A faixa ficou muito bonita com o texto da Jovem Guarda. Roberto chegou ao amadurecimento em matéria de interpretação. Seu timbre de voz está muito mais bonito ainda.

* Você sabia que ele regravaria “Nossa canção”?
"LA" – Eu ouvi dizer que ele iria cantar a música no show “Romântico” e fui ao Metropolitan. Achei a música um dos pontos altos do espetáculo, pelo texto, que também está no CD e também pelas imagens e recordações da Jovem Guarda. Depois o José Messias, um amigo nosso de muito tempo, ligou para mim e disse que Roberto estava pensando em colocar a música no disco. Fiquei na expectativa mas sem me empolgar muito, porque o disco do Roberto Carlos é muito disputado e ele recebe muitas músicas de outros compositores para gravar, além das músicas de sua parceria com Erasmo Carlos. Como o disco só tem nove ou dez faixas a disputa é muito grande. A minha surpresa foi ter merecido esse privilégio de ter entrado no disco. Eu não esperava. Foi muita felicidade.

* Como você vê a interpretação atual de “Nossa canção”, comparando com a original, depois de mais de trinta anos?
"LA" – Uma das coisas que sempre apreciei no Roberto Carlos, e aí está a diferença entre ele e outros cantores brasileiros, é o timbre de voz. Deus deu a ele um timbre privilegiado, que marcou e marca até hoje. Agora ele aprimorou muito o sentimento e a técnica de cantar. Roberto está cantando muito melhor do que cantava em 1966, quando gravou essa música. E olha que naquela época ele já era considerado o maior cantor brasileiro.

* Quando você soube que a canção estava no disco?
"LA" – Foi no dia onze de dezembro quando você ligou para a minha casa e falou para a minha esposa que queria me entrevistar por causa da regravação da música. Eu não estava em casa e você falou com a minha esposa, que me ligou. Eu não acreditei! Peguei o telefone e liguei para o meu editor. A Luciana, que cuida dessa parte, me confirmou a informação. Aí foi uma enorme felicidade. Fui correndo comprar o CD. Todo o disco está muito bom, Roberto está de parabéns. Como sempre ele se supera a cada disco. Só me resta através do jornal mandar um abraço e o meu agradecimento para ele. Que Nossa Senhora da Conceição o proteja e que ele tenha sempre a oportunidade de mostrar seu talento, todos os anos.

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