EDUARDO LAGES
entrevista a Carlos Eduardo F.Bittencourt
exclusiva para o Grupo Um Milhão de Amigos

14/outubro/2008




Eduardo Lages já concedeu várias entrevistas para o Jornal Roberto Carlos,
e uma delas foi a primeira a ser publicada quando lançamos nosso site.
Esta, entretanto, tem um saber especial
por ser a primeira do grande maestro e compositor para o site do Grupo Um Milhão de Amigos.


* Eduardo, você está completando quase 30 anos como maestro do Roberto Carlos, fale um pouco desse encontro.
"EL" - Como maestro são quase 30 anos, mas já havia participado da banda dele uns cinco anos antes, substituindo um pianista, que se acidentou, durante um mês em alguns shows no interior de São Paulo. Na época eu não tive muito contato com o Roberto Carlos, nos encontrávamos apenas no palco. Depois fui convidado para substituir o Chiquinho de Moraes, que era o seu maestro, na temporada que iria estrear no final de 1978 no Canecão.

* Foi Ronaldo Bôscoli quem te indicou?
"EL" - Pode até ter sido, já que trabalhava com o Bôscoli da TV Globo. Nós nunca conversamos sobre isso, mas considerava o Bôscoli meio “paizão”. Parece que Roberto escolheu dois maestros, eu e o Edson Frederico. O Frederico dirigia um programa do Mièle, que era o outro produtor do Roberto Carlos, com a Sandra Bréa, também na Globo, por isso acho que o Bôscoli possa ter influenciado na escolha.

* Houve alguma dificuldade para se adaptar ao estilo do Roberto Carlos?
"EL" - Não, porque eu já conhecia o repertório do Roberto Carlos e já tinha uma certa experiência. Também conhecia o trabalho do Chiquinho, e tive a felicidade de ser muito bem recebido pelos músicos.

* Você fez algum teste?
"EL" - O Roberto me pediu para fazer arranjos para as músicas “Os seus botões” e “For once in my life”. Na época eu fazia um show no Rincão Gaúcho, no Rio, e a orquestra tocava “For once in my life” com o meu arranjo. O Norival, que até hoje é baterista do Roberto Carlos, namorava uma menina do coro da orquestra do Rincão, e comentei com ele sobre o pedido do Roberto Carlos. O Norival sugeriu que mostrasse o arranjo que tinha feito. Eu mostrei ao Roberto, mas confesso que era muito complicado, muito elaborado, tão difícil que o próprio Roberto se assustou. Ele então pediu que eu o simplificasse, e acabou gostando tanto que chegou a colocar a música no show do Canecão. Eu tinha certeza de que o Roberto Carlos estava me testando naquele momento, e acabei sendo aprovado.

* E o compositor Eduardo Lages, quando surgiu? “Às vezes penso” foi a sua primeira música?
"EL" - Não, eu sou compositor desde garoto. Já tinha vencido festivais, tinha músicas gravadas, mas ter uma música gravada por Roberto Carlos sempre tem uma repercussão maior. Eu fiz a melodia de “Às vezes penso” mas não conhecia ninguém para colocar a letra, pois o meu parceiro, Alésio Barros, tinha falecido anos antes. Eu gostava das letras do Paulo Sérgio Valle, mas não o conhecia, até que um dia o procurei, mostrei a melodia e surgiu a parceria. Só que havia um problema, encontrar alguém para fazer a gravação para mostrar a música ao Roberto Carlos, já que nem eu e nem o Paulo Sérgio somos cantores. Eu conhecia o Paulinho, do conjunto Roupa Nova, que na época se chamava Os Funks, e pedi que ele gravasse. Ele gravou, entreguei a fita k7 ao Roberto e a música entrou no disco.

* Quer dizer que você nunca chegou a gravar suas músicas para mostrar ao Roberto?
"EL" - Pelo que me lembro só gravei duas músicas, que foram “Momentos tão bonitos” e “Eu vou sempre amar você”. O Paulinho, do Roupa Nova, chegou a gravar outras duas, e depois eu pedi ao Márcio Greyck. Eu me lembro que o Roberto comentava que a música às vezes nem era tão bonita, mas ficava mais bonita na voz do Márcio. Depois o Márcio foi morar fora do Rio e quem gravou foi o Maurício Duboc. Havia um acordo com o Maurício, ele gravava as minhas músicas, e em troca eu fazia os arranjos das músicas dele com o Carlos Colla para o disco do Roberto Carlos. E quase todos os anos dava certo, porque o Roberto quase todos os anos gravava as minhas músicas com o Paulo Sérgio, e as do Maurício com o Colla.

* Por que você evita cantar, mesmo em fitas de demonstração?
"EL" - Porque eu sempre evito mostrar pessoalmente as minhas músicas para o Roberto Carlos ou para qualquer outro cantor. Eu acho um constrangimento, pois o fato de estar ali presente sempre vai ficar com a obrigação de o cantor dar uma opinião naquele momento. Eu nem entrego as gravações pessoalmente ao Roberto, eu quase sempre as mando por um portador. A música “Cenário”, que eu considero uma das mais bonitas da minha parceria com o Paulo Sérgio, eu deixei na portaria. E eu só fico sabendo se o Roberto vai gravar quando ele me pede para fazer o arranjo, e isso não quer dizer que a música vai entrar no disco. É claro que ele deve dar preferência para determinados compositores que são constantes no seu trabalho, e que já sabem do que ele gosta, mas nem sempre é assim que funciona. Todos os anos eu mando músicas, e nem todos os anos ele grava as minhas composições.

* No CD “Cenário” você chega a declamar a letra da música “Cenário”. Você nunca teve vontade de gravar uma música?
"EL" - Não, porque eu tenho consciência de que não sou cantor, desde garoto eu jamais gostei de cantar. É claro que hoje a tecnologia oferece mais recursos, e isso melhora a voz. Eu já gravei publicidade e locução. Inclusive na chamada do CD “Com amor”, a pedido da Som Livre eu gravei a chamada para televisão, “pra vocês, com amor”. Mas eu me senti constrangido, era como se estivesse pedindo para as pessoas comprarem o disco.

* Na última vez em que conversamos, em maio de 97, você já comentava o desejo de gravar um disco. Por que demorou tanto tempo, já que o seu primeiro CD, “Emoções”, só foi lançado em 2005?
"EL" - Falta de tempo. Na época o Roberto viajava muito, eram muitos shows e também havia meus compromissos particulares. Eu tenho certeza que se tivesse gravado há 20 anos, quando era fácil se vender um milhão de discos, eu teria feito muito sucesso. No início eu dividia minha carreira com o Roberto Carlos e também era contratado da Globo, depois que deixei a Globo, eu passei a dividir o trabalho com o Roberto Carlos com arranjos que faço para outros cantores, principalmente para os sertanejos. Outra coisa, a minha responsabilidade é muito grande, porque ninguém vai comprar o disco do Eduardo Lages, mas do maestro do Roberto Carlos. Gravar um CD dá muito trabalho, são meses de estúdio, e eu sempre tive a preocupação de mostrar que quem estava ali era o maestro do Roberto Carlos. A Sony, inclusive, chegou a sugerir que o titulo do meu primeiro CD fosse “O maestro do Rei”. Quem tem o disco pode observar que na capa aparece o título, “Emoções” em letras grandes, e o meu nome bem pequenininho abaixo. Por isso eu demorei tanto, por saber dessa responsabilidade que tenho de apresentar um bom trabalho.

* E como foi entrar no estúdio com essa preocupação?
"EL" - Foi enorme, porque muitas vezes eu ficava pensando se o Roberto gostaria ou não de determinada frase, apesar de ele ter me dado total liberdade e de nunca ter interferido nos trabalhos. Eu sabia que estava fazendo um disco para vender, e não para agradar o Roberto Carlos, mas sempre tinha a preocupação de que saísse do agrado dele.

* Fale um pouco do seu primeiro CD.
"EL" - No “Emoções” eu arrisquei muito pouco, o som é muito parecido com o das gravações do Roberto Carlos. Eu quis mostrar que de alguma maneira as músicas do Roberto Carlos também têm a minha assinatura. O que coloquei do disco foram coisas que fazem parte do meu trabalho. Foi bom eu ter feito assim porque tive o reconhecimento do público. O disco teve boa vendagem, vendeu cerca de 150 mil cópias, o que hoje é muita coisa. O Roberto gostou e com isso me senti à vontade para pedir autorização para gravar suas músicas nos outros trabalhos. O disco foi lançado pela Sony, e até hoje não sei se foi ele quem me indicou, já que é a sua gravadora há tantos anos.

* Você encontrou dificuldades para o Roberto autorizar as gravações das músicas?
"EL" - A gente sabe que é difícil ele autorizar gravações, mas também não sabemos o que se passa na cabeça das pessoas. Não sei se por trabalharmos juntos e de também ser um disco instrumental possa ter contribuído, mas não encontrei problema nenhum. Só o fato de continuar autorizando eu gravar suas músicas mostra que ele está aprovando o meu trabalho. Inclusive, no meu mais novo CD, “Inesquecível”, eu gravei “Detalhes”, que é a sua música preferida, e por isso é tão difícil de ser liberada. “Detalhes” já estava gravada, mas fiquei até o último momento esperando a autorização, o que acabou acontecendo. Para você ter uma idéia, eu pedi a ele apenas três músicas para esse disco, e ele perguntou porque só três se o CD tem 12 músicas. Eu não queria abusar só por ter melhor acesso a ele, mas o Roberto deu uma resposta que me deixou muito emocionado. Disse que eu era merecedor e que ele estava fazendo aquilo de coração.

* Você já pensou em se separar artisticamente do Roberto Carlos?
"EL" - Muitas pessoas fazem esse questionamento, mas eu sempre respondo que a minha prioridade é trabalhar com o Roberto Carlos. Mesmo com os trabalhos paralelos que tenho, ele vai ter sempre prioridade. Eu sinto até dificuldade de fazer a minha agenda de shows e assumir compromissos com outros cantores pois não posso fechar contratos sem ter antes conhecimento da agenda dele.

* Nos discos anteriores, “Emoções”, “Cenário” e “Com amor”, nas músicas do Roberto Carlos você seguiu os arranjos originais. Por que em “Inesquecível” você inovou um pouco nos arranjos?
"EL" - Para ser sincero, eu estou fazendo um disco comercial, visando a venda. Não estou fazendo um disco para mostrar para colega. O meu primeiro disco foi lançado pela Sony e os outros foram lançados pela Som Livre, e isso me dá a obrigação de vender. Eu procuro fazer o CD com bom gosto, mas que também tenha uma boa vendagem, o que eu estou conseguindo. Disco instrumental já é difícil de vender no Brasil, e uma das formas que consegui fazer com que eles vendessem foi a de tocar como se fosse um cantor que estivesse cantando as músicas, e de preferência que esse cantor fosse Roberto Carlos. Ele nunca foi um cantor de performance, sempre foi um cantor de emoção. O Roberto diz a letra, o Roberto sente o que canta, e eu tenho um problema sério que eu não tenho a letra para dizer nos meus discos. Então, eu tento fazer nuances no piano de acordo com a letra. Não adianta sair enchendo de notas e escalas, porque eu tenho que fazer com que a pessoa que esteja ouvindo a música cante a letra junto. Imagine se vou gravar “Detalhes” em ritmo de jazz e de bossa nova! Eu jogaria fora toda a emoção que existe nas pessoas que já conhecem a música.

* Mas há músicas em que você inovou.
"EL" - Mas são músicas que permitem esse tipo de inovação. Em “Vista a roupa meu bem”, achei que poderia fazer uma homenagem ao Ray Conniff, e em “O calhambeque” eu quis homenagear o Glenn Miller. Essas músicas se encaixaram nesse estilo. “O calhambeque” é uma música histórica na carreira do Roberto Carlos, uma música engraçadinha que não tem uma mensagem, então eu poderia gravá-la em valsa, chorinho ou samba-canção.

* Por que você fez essas homenagens?
"EL" - Porque esses músicos são dos poucos que você consegue identificar suas músicas ouvindo um pequeno pedaço da melodia. Quando se ouve aquele naipe de metais do Ray Conniff você logo sabe que é uma música do Ray Conniff. Mas são apenas essas músicas que escolhi para fazer essas homenagens, nas outras eu sigo o estilo do Roberto Carlos, sem descaracterizá-las.

* No DVD “Com amor” tem um momento muito familiar no making off, quando você canta “Como é grande o meu amor por você” para os seus netos.
"EL" - Eu quis mostrar a importância da minha família na minha vida e no meu trabalho. Como costumo trabalhar em casa, às vezes estou fazendo composições com minhas filhas perto de mim e com meus netos brincando na sala. Eu preservo muito esse lado familiar. Eu tenho quatro netos, dois moram em Bauru, e todos os dias eu falo com eles seja pelo telefone ou pela internet. Minha mulher, minhas filhas e meus netos são muito presentes no meu trabalho. Achei que tinha que levar isso ao público, e a forma que achei foi tocar a música com eles e cantar: como é grande o meu amor por vocês. Eu tenho recebido muitos elogios por essa gravação, por ter levado a minha família para o DVD, o que não é normal.

* O último encontro que tivemos foi em 1997, e muita coisa aconteceu na carreira e na vida do Roberto Carlos desde aquela época. Você chegou a temer o final da carreira do Roberto Carlos depois da morte da Maria Rita?
"EL" - Com certeza. Foi uma época muito triste. Além de ter a sensação de que ele poderia parar, era como se o mesmo fosse acontecer comigo. Eu também me via na mesma situação, não tinha forças para correr atrás de trabalho. Eu me recolhi muito no ano 2000. Mas nada como o tempo para cicatrizar as feridas e suavizar a dor. Com certeza, o Roberto conseguiu superar tudo aquilo, e sabemos que hoje ele não é a mesma pessoa que era antes, ele está diferente. Mas é muito bom ver que ele conseguiu dar continuidade à sua vida, e até considero que ele está no auge de sua carreira. É impressionante como uma pessoa com 67 anos pode cantar como ele está cantando, ter esse potencial de voz. O Roberto está cantando como nunca, isso não é a minha opinião, que sou seu amigo, são as opiniões dos colegas e dos críticos. Não sei, também, se ele está mais preguiçoso ou mais cuidadoso no seu trabalho.

* Como foram as recentes apresentações do Roberto Carlos no Exterior? "EL" - Fiquei impressionado, porque as platéias estavam lotadas, e em algumas cidades tivemos que fazer shows extras. A alguns lugares não íamos havia muito tempo, e o povo estava lá, ovacionando, batendo palmas para o Roberto Carlos.

* Como foi a adaptação de vocês para a atual fase da carreira de Roberto Carlos, com muito menos compromissos que antes?
"EL" - Para muitos não foi fácil, mas mesmo passando pelos problemas que passou o Roberto sempre ajudou os músicos. Hoje já nos adaptamos à sua rotina de trabalho.

* Eduardo, como foi o show em Recife, em 2000, o primeiro que Roberto Carlos fez depois da morte da Maria Rita?
"EL" - Foi terrível, ele estava bastante nervoso no palco, e nos ensaios reclamava de tudo, dos arranjos e do andamento das músicas. Eu fiz um roteiro só com grandes sucessos, para facilitar, tudo que seria mais cômodo para ele cantar. Mas cada introdução que eu fazia ele reclamava, não queria citar nenhuma letra que falasse de perda. Na música “Outra vez” ele até mudou a letra de “você foi” para “você é”. Foi muito complicado, ele parou várias vezes o show para chorar. Mas tinha que ter a primeira vez, e foi aquela. Hoje ele continua falando da Maria Rita, mas de uma forma mais serena.

* Como foi produzir o CD do Roberto Carlos em 1998?
"EL" - Também foi um trabalho difícil, pois foi gravado no começo da doença da Maria Rita. Nós começamos a gravar o disco no Rio e ela estava hospitalizada em São Paulo. O Roberto viajava todos os dias para lá. Ele dormia em São Paulo e vinha de manhã para o Rio. Para facilitar para ele, eu resolvi transferir a gravação para São Paulo, mas mesmo assim ele só conseguiu gravar quatro músicas. Como o disco tinha que ser lançado, nós nos lembramos que tinha a gravação do show “Romântico”, feita em São Paulo, e resolvemos colocar seis músicas ao vivo. Mas eu não me considero o produtor do disco, me considero como o responsável pelo trabalho, já que alguém tinha que dar continuidade, ajudar o Roberto Carlos naquele momento, e eu resolvi tomar a frente. Foi um trabalho muito sofrido para ele, e acabou sendo uma tentativa da equipe de ajudá-lo de alguma forma.

* Como você se sentiu ao dividir o palco com Roberto Carlos e Luciano Pavarotti, em Porto Alegre?
"EL" - Foi um momento inesquecível, Pavarotti gostou do meu trabalho, tanto que três anos depois ele foi a Salvador cantar com Bethânia e Gal Costa e pediu que eu fosse chamado para fazer os arranjos. Isso é gratificante.

* E a história do telefone, que você já contou algumas vezes?
"EL" - Nós estávamos no hotel, e fui com o Roberto até o quarto do Pavarotti ensaiar as músicas. No meio do ensaio tocou o meu telefone, era o gerente do meu banco avisando que minha conta estava no vermelho em 150 reais. Eu senti a maior vergonha. Quando nos encontramos em Salvador, ele perguntou se eu já tinha zerado a dívida.

* E o encontro do Roberto com Caetano cantando músicas do Tom Jobim?
"EL" - Foi muito bom, um dos melhores momentos da minha vida. Tenho certeza de que aquele show fez muito bem ao Roberto, deu muita alegria a ele. Eu senti um empenho no Roberto Carlos como há muito tempo eu não via. O fato de autorizar o lançamento do CD e do DVD do show mostra que ele ficou apaixonado pelo projeto. Vai ser a primeira vez que o Roberto Carlos vai dividir um CD com um outro cantor. E eu percebi o mesmo com o Caetano Veloso. O melhor de tudo foram os ensaios, a conversa dos dois, o carinho entre eles, o Caetano contando como fez as músicas gravadas pelo Roberto, e ele contando como homenageou o Caetano com a música “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”. Relembraram o encontro que tiveram em Londres, quando o Caetano estava exilado. E tinha ainda a emoção das músicas do Tom Jobim, que têm o poder de agregar as pessoas. Até esperava um show tenso, mas não ficou. Só lamento que não tenha havido registro dos ensaios para lançar num 'making off', mas pelo menos vai ter o registro do show em DVD. Eu particularmente gostei mais do show no Teatro Municipal, no Rio, pela suntuosidade do teatro e também por ter sido a primeira apresentação. Às vezes as coisas não saem muito bem na estréia, mas sempre é a apresentação mais emocionante.

* Quanto tempo duraram os ensaios?
"EL" - Nós levamos uns dois meses para escolher as músicas, pois todas eram muito bonitas. Eu separei umas quinze músicas para chegarmos às seis músicas que o Roberto cantou sozinho, e às seis que ele cantou com o Caetano. “Samba do avião” só entrou no repertório na véspera do show. Sempre que o Roberto ensaiava “Corcovado”, eu cantava em seguida o primeiro verso de “Samba do avião”. Ele gostou tanto que, na véspera, resolveu colocar as duas músicas em forma de 'pout-pourri' como eu cantava nos ensaios.

* Ano que vem Roberto completa 50 anos de carreira. Já existe alguma conversa sobre algum projeto especial?
"EL" - Não falamos nada sobre isso. O que eu sei é o que vem sendo publicado na imprensa. Estão falando de um show no Maracanã, mas até agora não me falaram nada. O curioso é que eu acho que também completo 50 anos de carreira no ano que vem. Eu tenho que procurar a minha carteira profissional para averiguar. Vai ser muita coincidência. Acho que recebi o meu primeiro dinheiro em 1959, quando tinha 12 anos, até porque a minha carteira profissional era provisória porque eu era menor.

* Qual o balanço que você faz dos 30 anos de carreira ao lado de Roberto Carlos?
"EL" - Foram os melhores anos da minha vida profissional, especialmente esses dois últimos anos. Quando falo desses 30 anos eu tenho que falar do meu trabalho com o Roberto, mas também dos meus outros trabalhos, e foi por isso que gostei muito desses dois últimos anos da minha carreira.

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