“A extensão da genialidade de Picasso, que pode sentir o apocalipse de Guernica, e a beleza da paz através de uma pomba. E John Lennon interpretou exatamente esse caminho.” Com esta frase, durante a temporada do show “Detalhes”, Roberto Carlos falava do sonho de um mundo de paz, que é o que nós seres humanos mais queremos e desejamos nos dias de hoje. E no palco aparecia uma menina, com onze anos de idade, cantando “Imagine”, música de John Lennon, que foi gravada no primeiro disco ao vivo de Roberto, lançado em 1988. Hoje essa menina tem 26 anos de idade, é casada, tem uma filha de cinco anos de idade e é personal tranning. Mas Gabriela teve o privilégio que nenhum cantor teve em sua carreira, dividir o palco com Roberto Carlos durante a temporada de um show, e ela própria reconhece que jamais se esquecerá daqueles momentos lindos.
* Como surgiu o convite para você participar do show do Roberto Carlos? "G" - Eu conhecia o Eduardo Lages, que até hoje é maestro do Roberto Carlos e é muito amigo do meu pai. O Eduardo produziu algumas músicas para o meu primeiro disco solo. Como ele me conhecia desde menina, ele nos procurou e disse que o Roberto estava querendo homenagear o John Lennon no show “Detalhes”, cantando a música “Imagine” com uma criança. A produção do show já tinha aberto testes para várias crianças e o Eduardo Lages perguntou se eu não queria participar dos testes. Então eu gravei em estúdio uma fita demo com a música do John Lennon, e o Eduardo a levou para o Roberto Carlos ouvir. O Roberto gostou do meu teste e fui chamada para cantar antes de um ensaio do show no Canecão, junto com a banda do Roberto Carlos. Eu cantei a música sozinha, ao vivo, com a banda, e fui aprovada. * Roberto Carlos estava presente no dia em que você fez esse ensaio com a banda, no Canecão? "G" - Ele e toda a equipe de produção do show, o Eduardo Lages, os diretores Miele e Bôscoli, e toda a banda. * Depois do teste no palco do Canecão, roberto fez algum comentário com você sobre sua participação? "G" - Logo depois de cantar, o Roberto Carlos me elogiou, disse que cantava muito bem, o que me deixou muito feliz, mas do teste em si ele não falou nada, não deu nenhuma indicação de que seria aprovada. * Você soube que tinha sido aprovada para participar do show no mesmo dia do teste no Canecão? "G" - Foi no mesmo dia, minutos depois do teste eles me informaram de que tinha sido aprovada. Depois trataram com o meu pai toda a parte burocrática da minha participação no show. * Na época você tinha consciência do que isso representava? "G" - Eu era muito nova, mas tinha a plena noção do que representava participar do show de Roberto Carlos e cantar junto com ele no palco. Eu já gostava de suas canções porque minha mãe até hoje é uma grande fã dele, e tem toda a coleção de discos do Roberto Carlos. Apesar da pouca idade que eu tinha eu sabia da importância do Roberto Carlos na música brasileira, mas é claro que eu não tinha a noção da responsabilidade pois era muito criança e acho que foi por isso que me sai tão bem cantando ao lado dele. Se o convite fosse feito hoje a situação seria completamente diferente, eu ficaria mais nervosa, mais ansiosa, mas na época eu estava ali fazendo o que eu gostava de fazer, cantando, e com um grande artista. Mesmo sabendo quem era o Roberto Carlos, eu achava tudo aquilo normal. * Você teve alguma influência musical em sua família? "G" - O meu pai chegou a ser cantor na época da Jovem Guarda e a minha mãe foi bailarina. A minha irmã, Tatiana fez parte do grupo infantil “Os Abelhudos”, junto com os dois filhos do Renato Côrrea, dos Golden Boys, Rodrigo e Diego, que fez muito sucesso nos anos 80. * Você disse que sua mãe sempre foi fã do Roberto Carlos, inclusive coleciona seus discos. Como fooi a reação dela quando você foi aprovada no teste? "G" - Ela ficou super-feliz, é lógico, não só ela mas o meu pai também. Eles sempre fizeram questão de me acompanhar todos os dias no Canecão, até mesmo depois quando eu viajei com o Roberto Carlos para fazer os shows no Brasil e nos Estados Unidos eles foram comigo. Foram quase dois anos fazendo o show e eles estavam sempre comigo. * Antes de cantar com Roberto Carlos vocêjá tinha tido alguma esperiência musical? "G" - Eu já tinha gravado um disco solo com músicas infantis e também fazia coro nos discos de outros artistas. Quando eu gravei o meu primeiro disco eu tinha seis para sete anos de idade, era um repertório de crianças. * Foi fácil você decorar a letra? "G" - O meu pai fala muito bem inglês, chegou até a ser professor de inglês antes de cantar, e o inglês que eu sabia era o que aprendi na escola. Eu já tinha uma noção da música, mas não sabia a letra inteira de “Imagine”, apesar de não cantá-la toda no show, pois tinha uma parte que era cantada pelo Roberto Carlos. O meu pai me ensinou a letra , a traduziu para que eu entendesse o que estava cantando e corrigiu alguns erros de pronúncia. * A sua pronÚncia foi muito elogiada pela crítica, muitos até escreveram que você tinha melhor pronúncia que Roberto Carlos. "G" - Muita gente escreveu e também falou isso, eu achava até engraçado. Eu acho que criança tem mais facilidade de aprender as coisas, e está provado que criança tem muito mais facilidade de aprender a pronúncia de outra língua do que o adulto. Quando nos apresentamos nos Estados Unidos, depois do show um americano veio falar comigo, ele ficou tão impressionado com o meu inglês que até perguntou se ele falava fluentemente a língua. Ele disse que a minha pronúncia era muito perfeita, eu fiquei feliz e meu pai mais ainda porque foi ele quem me ajudou. * Você se lembra da primeira vez que esteve com Roberto Carlos? "G" - Eu conheci o Roberto Carlos no estúdio da Som Livre, não me lembro o ano. Para quem não conhece, a Som Livre tem dois estúdios numa casa, um no andar de cima e o outro no andar de baixo. Na época eu estava gravando com outras crianças um coro no estúdio de baixo, e o Roberto Carlos estava no outro estúdio gravando o seu disco. Inclusive eu já tinha gravado o meu primeiro disco solo. * Você se encontrava com Roberto Carlos antes dos shows, no camarim, ou o contato de vocês era apenas no palco? "G" - É claro que o Roberto Carlos não ficava circulando pelos bastidores, e existe sempre uma certa dificuldade das pessoas chegarem até ele, mas todas as vezes que estive com ele, ele sempre foi uma gracinha, super-atencioso, carinhoso. Várias vezes me chamava para ir ao seu camarim, mandava comprar chocolate da Kopenhaguen, que eu adoro, quase todas as noites me dava de presente no final do show uma rosa, e até hoje eu tenho uma guardada dentro de um livro. O Roberto Carlos sempre teve um carinho muito grande comigo, todas as noites quando eu saía do palco depois da minha participação, ele fazia questão de uma dar um forte abraço e um beijo, falava palavras super-carinhosas. Até mesmo a roupa que eu usava, toda branca, com calça de suspensório, foi sugestão do Roberto Carlos. * Você ainda tem contato com Roberto Carlos? "G" - Depois da temporada do show, que durou quase dois anos, eu mantive contato com ele por telefone, sempre ligava para a casa dele na época do Especial de final de ano, pelo seu aniversário, e todas as vezes ele me atendia. Esse contato durou muitos anos, mas de uns dois anos para cá não tive mais contato com o Roberto Carlos. Quando nós conversávamos sobre os Especiais às vezes eu criticava as roupas dele, e o Roberto Carlos achava muita graça dos meus comentários. * Gabriela, você acha que se o Roberto Carlos encontrasse hoje com você, na rua, depois de tanto tempo, ele te reconheceria? "G" - Eu acho que sim, até mesmo porque mudei muito pouco, eu cresci, é óbvio, e engordei um pouco. Até hoje eu sou parada nas ruas por algumas pessoas que me reconhecem daquela época, então acho que ele iria me reconhecer. * Qual era a sua rotina antes dos shows? "G" - Eu assistia o show da coxia até uma determinada parte. Depois ia para o meu camarim me arrumar, fazer uma maquiagem básica e aquecer a voz. Como eu entrava no palco na penúltima música, dava para assistir o show até a metade. Depois eu ficava na coxia assistindo o encerramento, *Gabriela, fale um pouco das viagens com o show por outros estados e até mesmo nos Estados Unidos. "G" - Nos Estados Unidos nós fizemos dois shows, e também participei das temporadas em quase todo o Brasil. Ao todo foram dois anos dividindo os palcos com o Roberto Carlos. Só no Canecão a nossa temporada foi de quase quatro meses. No Brasil eu participei de todos os shows, mas no exterior só fiz a temporada americana, eu não cheguei a cantar em outros países. * Como você conseguiu nesses dois anos dividir o seu tempo entre viagens e a escola? "G" - Eu sempre fui boa aluna, nunca repeti de ano, e desde o CA sempre fui considerada como uma das melhores alunas da minha sala. Como cantava desde pequena, com seis, sete anos, aprendi a dividir o meu tempo entre os estudos e a música, mas reconheço que não foi fácil conciliar os estudos com as viagens. Nas horas livres que eu tinha estava sempre estudando, até mesmo durante os vôos. Quando chegávamos em alguma cidade e a equipe do Roberto Carlos saía para passear, eu ficava no quarto estudando. Também tive muito o apoio dos meus professores, do meu colégio que deixavam eu fazer segunda chamada quando perdia alguma prova por causa dos shows. Como sempre fui estudiosa, e gostava de estudar, todo o tempo livre que tinha nas viagens eu aproveitava para colocar a matéria em dia. * Você era reconhecida nas ruas? "G" - Eu era muito reconhecida pelas pessoas, na época cansei de entrar em lojas e as pessoas vinham conversar comigo, às vezes juntava várias pessoas ao meu redor. Esse reconhecimento durou alguns anos, até meus quinze, dezesseis anos, que foi quando eu parei de cantar. Mas mesmo depois de encerrada a minha participação no show do Roberto Carlos eu era muito reconhecida. * É verdade que você chamava Roberto Carlos de tio? "G" - Sempre chamei ele de tio, aquela coisa de criança que chama as pessoas mais velhas de tio. Não só o Roberto, o Eduardo Lages também chamava de tio. O Renato Corrêa, que produziu meu primeiro disco na Odeon e que é muito amigo do meu pai, até hoje eu chamo de tio. * Qual foi a sua reação quando o disco ao vivo foi gravado e como você se sentiu ao ouvir a gravação da música? "G" - Foi grande, mas não foi maior que a dos fãs do Roberto Carlos, que esperavam tanto pelo lançamento de um disco ao vivo dele, algo inédito até aquele ano, e também porque eu já tinha uma fita k-7 com a nossa gravação de “Imagine”. Mas como foi o primeiro disco ao vivo do Roberto Carlos, houve muita badalação na divulgação do disco e no lançamento. É claro que fiquei muito satisfeita pela música ter entrado no disco, porque na época quando se pensava em disco, se pensava em LP, e como o LP cabe menos músicas do que o CD, muitas canções do show ficaram de fora, e fiquei orgulhosa dele ter feito questão de colocar “Imagine” no disco. * Você comprou o disco no dia do lançamento? "G" - Não, como eu já falei não tive toda essa ansiedade de fã porque já tinha a gravação, a minha ansiedade maior era ver como tinha ficado a parte gráfica do disco e as fotos. * Você sabia que o show seria lançado ao vivo? "G" - A princípio não, eu sabia que o show era gravado quase todas as noites, mas isso não é novidade porque os shows de todos os artistas são gravados, até mesmo para que o cantor faça algumas correções. Quando foi decidido que o show seria lançado em disco, eles avisaram que em determinados dias ele seria gravado, mas isso não influenciou em nada na minha participação. * Só quatro cantores tiveram o privilégio de dividir com Roberto Carlos uma faixa em seus discos: Maria Bethânia, Fafá de Belém, Erasmo Carlos e você. Como se sente com esse privilégio? "G" - Foi a pergunta que mais me fizeram na época, como eu me sentia em cantar com Roberto Carlos. É lógico que só me podia me sentir lisonjeada, muito feliz, porque na época eu era uma criança, até mesmo em ser escolhida para fazer a homenagem ao John Lennon. Cantar “Imagine” durante dois anos com Roberto Carlos foi uma das maiores emoções da minha vida, até hoje essa passagem marca a minha vida, as pessoas me param na rua e perguntam como era cantar com o Roberto. Outra satisfação que tenho é que muitos fãs consideram o disco como um dos melhores das discografia do Roberto Carlos, e eu fico feliz em ter participado dele. Eu acho que o Roberto está cantando muito bem naquele disco, além de ser uma pessoa perfeita no palco. E se até hoje se lembram de mim é porque minha participação marcou, foi importante no show. * Todos os dias, depois de cantar com você, Roberto falava: Gabriela, guardem esse nome. Por que sua carreira musical não foi adiante? "G" - Eu me lembro disso, não sei se já estava no roteiro, ou foi idéia dele, mas era legal ouvir isso do Roberto Carlos todos os dias. * Você ficava nervosa antes de entrar no palco? "G" - Não era nervosismo, até mesmo porque sempre fui muito calma no palco, mas era uma ansiedade. Até mesmo as adversidades que surgiam eu encarava com tranqüilidade. Aquelas perguntas se vai dar tudo certo, se não vou tropeçar quando entrar no palco, se não vou desafinar, essas coisas que acontecem com todos os artistas. Todos os dias tinha o chamado friozinho na barriga. * Quais adversidades você teve? "G" - Algumas, em vários shows o microfone falhou, e surgem técnicos de todos os lados para trocar o microfone. Também já levei muito choque com o microfone e fingia que nada estava acontecendo. Enfim, são imprevistos que acontecem e que ficam fora do nosso controle, mas ali no palco você tem que agir naturalmente. * Gabriela, eu estou percebendo pelas suas respostas que, mesmo criança, você era bastante profissional. "G" - Eu sempre fui muito profissional, sempre levei tudo a sério, as pessoas até falavam que eu era muito séria, mas não era nada disso. Eu sempre fui bastante compenetrada nas minhas coisas, e mesmo criança sabia das minhas responsabilidades. Todos os dias antes de entrar no palco eu sempre gostava de me concentrar. * Como foi sua estreia no show? "G" - Uma estréia é sempre uma estréia, e fica sempre a dúvida se tudo vai dar certo, como será a reação do público. Eu não tinha dúvida de que tudo sairia perfeito com relação ao Roberto Carlos, porque todos os que estavam no Canecão eram, e acho que ainda são, apaixonados por ele, mas eu era uma participação especial, a primeira vez que uma pessoa dividia o palco com ele num show. Eu era a surpresa do show, até mesmo porque ele não me anunciava, de repente surgia aquela voz cantando “Imagine”, e só depois eu entrava no palco. Com certeza, o primeiro dia não é igual aos outros, mas depois de cantar eu fiquei emocionada ao ver o público me aplaudindo de pé. Depois de cantar, o Roberto me deu um forte abraço e um beijo carinhoso, só quando deixei o palco é que relaxei. * Depois de cantar com Roberto Carlos, como ficou a sua carreira? "G" - Depois de quase dois anos viajando com o show, eu gravei um disco com músicas de Bossa Nova, produzido pelo Roberto Menescal, inclusive tinha um pout-pourri de canções do Roberto Carlos. Também tive uma experiência que gostei muito de gravar um disco com o Roupa Nova, que é um conjunto que até hoje eu adoro. Eu cantei até os meus dezoito anos, e quando o meu contrato com a Polygram acabou resolvi dar uma parada. Foi uma época complicada porque eu era adolescente e estava naquela fase de não ter repertório para gravar, já que não havia mais sentido gravar música infantil, e as pessoas não aceitam que você grave música adulta. Isso me chateou um pouco porque gostava de música, de cantar, tudo o que gravei foi porque gostava. Então resolvi fazer faculdade, continuei estudando piano e teoria musical, continuei fazendo jingles para a televisão, mas de uns anos para cá eu parei mesmo com a carreira. Ainda mantenho contato com várias profissionais do meio musical, até hoje a minha irmã participa de gravações, mas resolvi me afastar. * Você nos contou que cantava desde criança e com certeza tinha vontade de seguir carreira. A decisão de abandonar a música foi difícil? "G" - A minha decisão de abandonar a música não foi programada, ela foi acontecendo aos poucos. Foram vários motivos: as pessoas não aceitavam que uma adolescente cantasse determinado tipo de música, a imposição da gravadora na escolha do repertório, uma mudança na política das gravadoras já que mercado de disco começava a entrar em crise, e tudo isso juntou com o final do meu contrato com a Polygram. Enfim, foram pequenas coisas, mas que juntas me deixou um pouco saturada de tudo. Eu não tomei nenhuma decisão do tipo “vou parar agora”. O final da minha carreira de cantora foi acontecendo aos poucos, não foi nada programado, e eu aceitei isso naturalmente. O que me saturou mesmo foi não poder cantar o que eu queria, a imposição que começava a haver na escolha do repertório. * Gabriela, fale um pouco da Gabriela de hoje em dia. "G" - Na época em que eu começava a pensar em parar de cantar eu resolvi fazer faculdade e quis fazer algo diferente, e como sempre gostei de atividades físicas, eu fiz curso de Educação Física e hoje sou Personnal Tranning, que é o meu trabalho, e tenho uma filha de cinco anos. * Como é a reação de sua filha quando ouvo os seus discos? "G" - Ela adora ouvir os meus discos, e também sempre mostro para ela o vídeo em que apareço cantando com o Roberto Carlos, inclusive a minha participação no Especial dele na Globo, em 87. * Você costuma acompanhar a carreira do Roberto Carlos, costuma comprar e ouvir seus discos? "G" - Eu costumo acompanhar, mas um pouco menos do que naquela época em que cantava com ele. Mas eu estou sempre escutando seus discos e assisto os Especiais da Globo. * Qual a sua música preferida do Roberto Carlos? "G" - Que pergunta difícil! Como não pode ser “Imagine” porque não é uma música dele, a que eu mais gosto é “Detalhes”. O Roberto Carlos tem canções lindíssimas, mas “Detalhes” é a minha preferida. Eu acho que ele fez essa música num momento muito especial de sua vida, e ele canta no disco ao vivo com tanta, mas tanta emoção que me marcou muito. Gosto também de “Emoções”, mas não acho que ela seja tão profunda quanto “Detalhes”. Para mim, o Roberto colocou em “Detalhes” tudo o que se passava no seu coração, e depois de tantos anos eu o vejo ainda hoje cantando “Detalhes” com uma emoção tão grande que parece que ele está cantando pela primeira vez. * "Imagine" é uma homenagem de paz do John Lennon. Qual a sua sensação ao ouvir a sua gravação dessa música com o mundo tão violento, com tantas guerras? "G" - É uma grande contradição. Estamos vivendo um momento tão difícil, e a guerra no Iraque é apenas uma a mais das tantas que estamos vivendo. As pessoas estão muito revoltadas, e a letra de “Imagine” fala de tudo aquilo que todo ser humano deseja, um mundo de paz. John Lennon sempre pregou isso em sua vida, tanto é que ele também fez outras mensagens parecidas. A guerra no Iraque é só uma demonstração do estado triste em que se encontra o mundo, o que falta no ser humano. “Imagine” é um hino que sempre deveria ser lembrado nessas épocas. O egoísmo e muito forte em todo o mundo, cada um só pensa em si. Assim como “Imagine” tem outras músicas tão lindas que falam da paz, inclusive o Roberto Carlos já fez muitas parecidas. * O que você gostaria de dizer hoje para o Roberto Carlos? "G" - Essa é uma grande oportunidade que tenho de mandar uma mensagem para o Roberto Carlos, pois eu sou muito fechada e não me lembro de na época, em que cantava com ele, ter falado alguma coisa. Eu só tenho a dizer que foi uma passagem muito marcante na minha vida. Eu já disse que tinha noção da responsabilidade, sabia com quem eu estava cantando, mas com certeza eu não tinha a noção da proporção que isso teria na minha vida. Hoje eu sei perfeitamente o que representou a minha participação no show, tanto é verdade que depois de tantos anos as pessoas ainda se lembram de mim, inclusive eu estou agora fazendo com você uma entrevista sobre aquela época. Foi muito lindo, e só tenho a agradecer a oportunidade que ele me deu. O Roberto é uma pessoa maravilhosa, sempre foi um amor comigo, não tenho nada de mal a falar dele, muito pelo contrário, sempre foi muito carinhoso comigo. Eu já falei para você tudo o que tinha que falar sobre a importância que o convite de cantar com ele teve na minha carreira, e na minha vida pessoal também por ter conhecido uma pessoa como o Roberto Carlos. Ele não é perfeito, como nenhum de nós somos, mas como pessoa tem um coração maravilhoso e sempre me tratou muito bem. Até hoje eu tenho um carinho especial por ele e só coisas boas para falar do Roberto Carlos. * Como você define Roberto Carlos? "G" - Como artista eu só posso dizer que o Roberto Carlos não envelhece. A voz dele hoje é a mesma de dez anos atrás, o Roberto Carlos é realmente o Rei e um artista que merece tudo o que conseguiu em sua carreira. Como pessoa eu só tenho coisas boas para falar. É uma pessoa muito legal, muito carinhosa e com um coração enorme. "justify"> |