Hoje entrevistamos Ivone Kassu. Ela começou sua carreira de assessora de imprensa com Roberto Colossi, nos anos 70, trabalhando com Chico Buarque, Milton Nascimento, Wilson Simonal, MPB-4, e outros. Nessa época, Ivone Kassu conheceu Roberto Carlos, nos corredores da TV Record, tornando-se amigos. O primeiro trabalho com Roberto foi em 1970, no seu primeiro show no Canecão, mas foi em 78 que ela assumiu os trabalhos com Roberto Carlos. Ivone reconhece que hoje não sabe qual a parte mais forte, a amizade ou a assessoria de imprensa.
* Antes de conhecê-lo você era fã de Roberto Carlos? "IK" – Eu sempre curti muito música. Nascida no interior, fui morar em São Paulo em 63. Na época da Jovem Guarda, estava fazendo faculdade, gostava muito do Roberto e do Erasmo, era fã mas não tiete de porta de camarim. * Como você faz a divulgação do Roberto em outros estados e no exterior? "IK" – Antes era através de telefone, agora é pelo fax. Quando ele necessita, eu viajo. Quando o show não é bancado por ele, eu faço todo o trabalho daqui do escritório. Esse ano fui acompanhar toda a excursão dele pela América Latina e foi impressionante. Em Mar del Plata, o público nos parou na rua, fomos carregados até o hotel, lembrei-me da Jovem Guarda. * Quais os principais interesses dos jornalistas estrangeiros sobre o Roberto? "IK" – Eles perguntam sobre a carreira e sobre a situação do país. Agora fizemos Venezuela, Chile e Caribe, países onde ele não vai todos os anos, e fiquei impressionada como os jornalistas sabiam tudo sobre Roberto. Aqui os repórteres perguntam mais sobre manias e superstições. Não é que os jornalistas lá de fora tenham mais interesse que os daqui. Acho que o Roberto é das pessoas que os jornalistas mais têm interesse. O Roberto é uma pessoa inteligente, uma pessoa culta, que sabe responder sobre política, sobre tudo. Ele não se envolve mas é uma pessoa que está sempre atenta a tudo. No exterior os repórteres perguntam muito sobre a carreira, sabem música por música, querem saber dos autores, dos temas, das composições. É diferente daqui. * Como você se sente com tantas entrevistas solicitadas e o Roberto com a agenda tão cheia? "IK" – óbvio que existem entrevistas interessantes outras não. Estas eu nem levo ao Roberto. As de grande interesse, ele atende, na medida do possível. Uma que o Roberto ainda está devendo é com o Jô Soares, mas acho que consigo até o fim do ano. O Jô espera essa entrevista desde o começo do seu programa. E o Roberto gosta do Jô, que é seu amigo. Roberto assiste ao programa dele sempre que pode. Agora, estamos sufocados. Acabou a viagem, agora o Roberto começa a compor, tem um show beneficente. * Infelizmente, os jornais divulgam algumas notícias desagradáveis sobre o Roberto. Qual o seu procedimento em relação a essas notícias? "IK" – A primeira coisa que eu tenho que fazer é ler os jornais. Leio os principais e, se houver algo que tenha que ser respondido, ligo imediatamente para ele. Às vezes convoco uma coletiva, às vezes ele não pode falar. É tão grande a confiança que ele deposita em mim que eu tenho autorização para responder por ele. Geralmente sei o que ele está pensando e passo para os jornalistas com a maior integridade. Acho que existe entre nós nesse tipo de trabalho, muita dignidade e respeito, e isso eu mantenho e vou manter até o final da minha vida porque adoro trabalhar com o Roberto e acho que é uma das pessoas mais amigas e mais dignas que existem. Eu tenho que desvincular a amizade do profissionalismo mas consigo fazer isso muito bem. * Fale sobre o Projeto Emoções, em que você viajou com o Roberto Carlos pelo Brasil? "IK" – Esse projeto eu acompanhei desde o início. Antes do Roberto chegar ao local eu ia, preparava as coletivas, voltava e viajava com ele. Todas as coletivas eram feitas nos aeroportos, dentro do avião. As pessoas iam visitar o avião. Foi uma coisa super-moderna, fantástica. Uma das grandes emoções da minha vida. * Você não se aborrece com os inúmeros pedidos de convites para os shows do Roberto Carlos? "IK" – Não, a não ser quando as pessoas pretendem ver os shows mais de uma vez. Na medida do possível, atendo a todos. Os fãs têm que ser tratados com todo o carinho. O artista, para chegar onde ele está, tem que ter talento, como diz o Roberto, a bênção de Deus e o público. * Como você vê Roberto Carlos no palco? "IK" – Roberto é uma pessoa iluminada. Tem carisma, é um excelente cantor e tem um domínio incrível. Já, fora do palco, o Roberto é muito simples. Quem o conhece pela primeira vez, acha que o conheceu a vida inteira. Ele é muito família. Essa simplicidade é que torna o Roberto o maior ídolo da América Latina. * O Roberto é prioridade na sua vida profissional? "IK" – Eu tenho aqui um escritório montado, uma equipe de trabalho e, se o Roberto precisar de mim, a Vera, a Cida e os funcionários que trabalham comigo seguram o resto. Na minha carreira, a prioridade é do Roberto Carlos. * Dá para ver os shows, já que você está sempre atarefada nos espetáculos? "IK" – Dá. Nunca assisto à estreia, sempre vejo os ensaios, pedaços durante a temporada, mas, assistir inteiro, normalmente só no último dia. * De todos os shows, qual o que você mais gostou? "IK" – Talvez não seja o que mais gostei, mas tenho um carinho especial pelo “Emoções”. * Você recebe muita correspondência de fãs-clubes do exterior? "IK" – Muita. Já recebi cartas de Miami, da França, da Venezuela, do Chile, da Argentina. Tenho certeza de que ele tem fã-clubes em todos os países da América Latina e muitos pelo mundo inteiro. * E sobre as coletivas? "IK" – Também recebo pedidos de coletivas de várias partes do mundo e, quando ele vai a Los Angeles gravar disco, eu sempre posso pautar entrevistas. Quando chego aqui, todos os dias, há três ou quatro pedidos de entrevistas mas, se ele fosse atender a todos, não trabalharia. Agora está nos planos do Roberto começar a sua biografia. Eu acho fantástico. Ele pretende lançá-la em 1995 ou 1996. * Qual a música do Roberto que você mais gosta? "IK" – “Detalhes”. Mas também sou apaixonada por “À distância...”. Acho essa música lindíssima. “Fera ferida” é uma obra-prima! Há pouco tempo eu ganhei uma coleção inteira dele na América Latina e me roubaram. O Roberto até disse que o ladrão tinha bom gosto. Espero conseguir recuperá-la porque a Sony me prometeu. Por esta coleção, estou chorando até hoje. * Ivone, defina Roberto Carlos. "IK" – Acho que ele é uma pessoa que você aprende a amar e não deixa nunca mais. Se existe alguém perfeito essa pessoa é o Roberto. Para mim, ele é um dos maiores artistas e seres humanos da Terra. "justify"> |