MAURÍCIO DUBOC
entrevista concedida a Carlos Eduardo F.Bittencourt para o
Grupo Um Milhão de Amigos

19.04.2001




Autor de mais de uma dezena de músicas gravadas por Roberto Carlos, nos anos 70 e 80,
Maurício Duboc é o nosso entrevistado.
Junto com Carlos Colla ele embalou, e ainda embala,
sonhos e emoções dos milhões de fãs de Roberto Carlos.

* Maurício, conte-nos como foi o início de sua carreira.
"MD" – Eu tinha um conjunto vocal chamado “O Grupo”, que acompanhava Roberto Carlos nos programas da Jovem Guarda quando ele cantava clássicos da música brasileira. Além dos rocks da Jovem Guarda, Roberto também cantava nos programas músicas que já eram conhecidas, de compositores antigos, como “Ai que saudades da Amélia”, que ele até chegou a gravar, e o conjunto do qual eu participava era que fazia o vocal. Além de fazer o vocal do Roberto Carlos também aproveitávamos para fazer uma participação solo nos programas. Foi assim que comecei na música e que conheci Roberto Carlos. Como ele gostava do nosso vocal chegou a nos convidar para acompanhá-lo no Festival da Record, quando defendeu a música do Luiz Carlos Paraná, “Maria, carnaval e cinzas”.

* Carlos Colla também fazia parte desse conjunto?
"MD" – Ele entrou no final do nosso grupo, quando deixamos de ser um conjunto vocal para cantar em festas e em bailes. O Colla entrou como guitarrista. Logo depois da entrada dele foi que nos apresentamos com o Roberto no Festival da Record.

* É verdade que Roberto não foi bem recebido pelo público do Festival da Record?
"MD" – Foi uma vaia estrondosa que ele sofreu, porque aquele público não era o povo da Jovem Guarda e certas pessoas tinham preconceito com o pessoal do movimento. Alguns críticos consideravam o rock uma música americanizada e que não fazia parte da MPB, o que era uma grande injustiça. Graças a Deus que essa ideia mudou. O público que prestigiava o Festival da Record era o pessoal da Bossa Nova, que era um outro tipo de segmento. Acredito que foi uma experiência bastante rica para o Roberto e tenho certeza de que ele não se incomodou nem um pouco com as vaias. Nós que o acompanhamos é que nos incomodamos bastante porque achamos uma grande injustiça.

* Por parte dos cantores também havia discriminação?
"MD" – Não, Roberto sempre foi muito bem relacionado e muito querido pelos artistas e músicos, muito respeitado, mas o público “elitista” naquela época discriminava tudo que se relacionava a Jovem Guarda, apesar de o movimento ser um segmento popular. O que eles chamavam de música popular brasileira não era popular; essa sim que era elitista. Eu acho que foi um grande preconceito porque a Jovem Guarda tinha uma grande importância na música e tinha que ter um espaço todo especial.

* Vocês chegaram a gravar alguma música?
"MD" – No dia em que participamos do Festival da Record eu pedi uma música para o disco que iríamos gravar, e ele só fez com a condição de que nós também fizéssemos uma para o seu disco. Aceitamos a troca. Ele e o Erasmo fizeram a música “Editora mayo, bom dia”, que inclusive chegou a fazer parte da trilha sonora de uma novela da Record ou da Bandeirantes, não me lembro mais. Mas se passaram alguns anos até que eu e o Carlos Colla, que já escrevia algumas poesias, resolvemos fazer as canções que o Roberto nos pediu. O Colla também nunca tinha composto uma música, mas fizemos logo duas canções, que foram as primeiras que ele gravou.

* Como foi a reação do Roberto Carlos quando vocês entregaram as músicas?
"MD" – Um dia fui à casa dele, em São Paulo, e na ocasião ele estava até ensaiando para se apresentar no programa do Flávio Cavalcante. Ele parou o ensaio, pediu para que me sentasse ao piano e eu, evidentemente muito nervoso, mostrei as músicas. Como sempre, ele agradeceu me deu um abraço e fui embora. Fiquei sem saber se ele tinha gostado e se iria gravar ou não. Aí ele gravou “A namorada”, nossa primeira composição. Foi assim que começamos nossas carreiras.

* Vocês já tinham feito música para alguém gravar antes do Roberto?
"MD" – Não, Roberto foi o primeiro, mas depois que ele gravou nossas músicas outros cantores começaram a nos fazer pedido. A nossa estreia como compositores foi mesmo com “A namorada”, em 1971. Foi interessante que no dia que em que fui à casa do Roberto eu levei uma fita com duas músicas, “A namorada” e “Sonho lindo”, que ele gravou em 1973.

* Como você se sentiu, um compositor estreante, tendo uma música gravada por Roberto Carlos?
"MD" – Isso foi simplesmente o máximo, eu nunca esperava isso! Ainda era um garoto de uns dezenove ou vinte anos, não me lembro a idade que eu tinha, e o Roberto já era um ídolo naquela época. Foi uma emoção enorme, algo indescritível. A partir daí descobrimos, que éramos compositores. Tudo começou com o Roberto, passamos anos fazendo música para ele.

* Quando vocês mandaram para ele a primeira música havia a certeza de que ela seria gravada?
"MD" – Não, o que fizemos foi uma coisa moral, de atender e retribuir a canção que ele e o Erasmo tinham feito. Foi uma gentileza, porque ele tinha, acho que ainda tem, um carinho todo especial com a gente, principalmente por mim que na época tinha mais contato com ele do que o Carlos Colla. Mas não havia nenhuma esperança de que nossa música fosse gravada.

* Como era o seu processo de criação com o Carlos Colla?
"MD" – Eu sempre fui mais música do que letrista, até há pouco tempo. Eu dava algumas dicas de palavras, de assuntos, assim como o Colla também dava sugestões de melodia, de harmonia, mas das nossas composições a maior parte das letras são do Colla e das músicas são minhas.

* Depois que Roberto Carlos passou a gravar músicas suas com o Carlos Colla começaram a surgir pedidos de outros cantores?
"MD" – Bastante. Nós começamos a ser conhecidos. Também começamos a mandar músicas para outros cantores aproveitando o espaço aberto pelo Roberto. O interessante é que as músicas que mandávamos para os outros cantores eram sempre uma sobra do que mandávamos para o Roberto, porque a cada ano fazíamos uma média de trinta a quarenta músicas, e desse total escolhíamos cerca de seis composições que levávamos para o Roberto Carlos. O que sobrava enviávamos para outros cantores.

* Dava trabalho fazer músicas para Roberto Carlos gravar?
"MD" – Sempre foi muito difícil. Não era nada fácil acertar o seu momento de criatividade, o que ele sentia naquele ano. E era sempre esse sentimento do Roberto que determinava a linha de direção do disco. Fazer músicas para o Roberto é como se fosse uma loteria, por isso é que fazíamos muitas músicas para ele escolher uma. Por exemplo, uma letra muito complicada não faz parte do estilo do Roberto, ele gosta das coisas simples, e o engraçado que o fácil acaba sendo difícil de fazer bem, porque ninguém, compõe para o Roberto Carlos melhor do que ele próprio, por isso mandávamos o nosso estilo de composição, o nosso perfil e a nossa personalidade nas canções, para que ele tivesse uma opção maior de repertório. Com isso Roberto começou a ter diversas opções, não só com as nossas músicas mas também com a de outros compositores como, por exemplo, o Eduardo Lages e o Paulo Sérgio Valle.

* O que tem de especial nas suas músicas com o Carlos Colla que até hoje marcam de uma maneira tão forte a carreira do Roberto Carlos?
"MD" – Com certeza esse algo especial é o Roberto. Inclusive nós aprendemos a compor na escola do Roberto Carlos, sempre procurávamos observar o que ele falava em suas canções para ter uma base.

* Por que você parou de fazer músicas para o Roberto Carlos?
"MD" – Num determinado momento achei que deveria parar para me reciclar. Estava começando a me achar repetitivo e o Roberto Carlos também passou a ter outros compositores fantásticos. Passei a me sentir limitado na criação, foi uma coisa psicológica. Conversei com o Carlos Colla e o deixei totalmente à vontade para procurar outras parcerias. Foi a partir daí que o Colla começou a fazer músicas com outros compositores. Eu passei a me dedicar a outras atividades, agora é que estou retornando à carreira. Estou fazendo produção musical, voltei a compor com o Colla, a fazer letras e estou voltando a esse trabalho com grande satisfação.

* Você mandou alguma música para o Roberto gravar nestes últimos anos?
"MD" – No ano passado e no ano retrasado eu cheguei a mandar umas três músicas, uma minha, outra em parceria com o Colla e uma canção da minha mãe, que é uma melodia em cima da oração do Pai Nosso que ficou belíssima. Mas como vocês sabem, Roberto passou por momentos difíceis nestes últimos anos, gravou pouca coisa e praticamente só composições suas. Mas espero que um dia ele volte a gravar uma música minha. Mas não posso me esquecer que em 1998 ele relançou “Falando sério”, uma gravação ao vivo, e tenho que agradecer ao Eduardo Lages porque sei que foi uma sugestão dele para que a músicas entrasse no CD. Aliás, o Eduardo é uma pessoa que considero muito, um compositor, um maestro e um amigo fantástico.

* Como você está observando essa fase tão delicada que o Roberto passou?
"MD" – É uma fase muito difícil e de transformação. É um momento em que o Roberto tem que buscar seus valores espirituais mas acho que ele está suportando bem toda essa dor através de seu caminho espiritual. Eu gostaria inclusive de mandar algumas músicas para o Roberto com esse tipo de mensagem. Tenho várias canções de cunho espiritual que acho que ele iria gostar.

* Qual a música que deu mais trabalho para o Roberto gravar?
"MD" – Foi “Eu sem você”. Poucos dias antes da gravação foi que o Roberto decidiu colocá-la no disco. Mas outras também nos deram muito trabalho. Muitas vezes mandávamos cerca de dez canções e ele não gostava de nenhuma. Com isso tínhamos que fazer uma outra série de músicas, e em determinados anos foi difícil manter a responsabilidade de ter sempre uma música nos discos do Roberto Carlos. Nos últimos anos a seleção ficou ainda mais rigorosa, a competitividade aumentou e para piorar comecei a me sentir limitado no processo de criação. Foi aí que resolvi parar.

* Conte-nos como foi a sua participação em “Falando sério”, um clássico no repertório do Roberto Carlos.
"MD" – Tenho algumas participações na letra, inclusive a própria expressão falando sério, mas a letra é mais do Colla e a melodia minha. Foi uma das músicas mais simples e mais fáceis. Para que vocês tenham uma ideia, fizemos em dez minutos. Eu achava até que ela não era a melhor música para o Roberto gravar naquele ano, havia uma outra de que eu gostava mais, mas o Carlos Colla achava que Roberto acabaria gravando “Falando sério”. Não deu outra. Inclusive a música que eu mais gostava ninguém chegou a gravar e nem me lembro mais como era. Mas isso prova que Roberto sabe o que é sucesso garantido.

* Você esperava que “Falando sério” se tornasse um grande sucesso?
"MD" – Não, até mesmo porque nem pensava que Roberto fosse gravá-la. Eu achava que seria bastante conhecida como tudo o que ele grava, mas nunca que chegasse a ser um dos grandes sucessos de sua carreira. Eu analiso a música muito pela questão musical, a harmonia, a melodia, e como acho que foi uma das mais simples que fiz não acreditava nela. Isso prova que a união de musica simples com harmonia perfeita é a fórmula do sucesso. Foi a partir de “Falando sério” que comecei a aprender o que realmente é compor.

* Há certas músicas, como “Falando sério”, que se tornaram tão marcantes na voz de Roberto Carlos que muitas pessoas pensam que a composição é dele. Isso te magoa?
"MD" – Nem um pouco, não me preocupa em nada. O importante é fazer uma música que o cantor goste e o seu público também. Esse reconhecimento temos por parte do público e dos artistas, é o que importa.

* Depois de todo o sucesso de “Falando sério” ficou difícil fazer uma música que a superasse?
"MD" – Sempre fica a cobrança de você conseguir compor outro sucesso. Isso também aconteceu com “Passatempo”, que depois de “Falando sério” foi outro grande sucesso que tivemos.

* Quando vocês entregavam as músicas para o Roberto gravar, elas já estavam prontas ou ainda sofreriam mudanças?
"MD" – Sempre havia alterações. “Sonho lindo” e “Eu sem você” foram duas músicas que mexemos bastante até ficarem como ele queria. Mesmo quando Roberto gravava nos Estados Unidos ele nos ligava pedindo que mudássemos determinadas frases de que não gostava. Sempre foi assim.

* As composições são momentos pessoais da dupla ou têm muito de pura inspiração?
"MD" – Da minha parte não tem momento pessoal, com certeza elas têm muito do Colla, que sempre compôs se inspirando muito na vida. Acredito que o Colla busque colocar nas letras muitas vivências pessoais; eu não. Eu sempre procuro inspiração, e acredito que a inspiração é uma coisa que recebemos, ninguém é dono dela. Nós somos um instrumento e desenvolvemos isso. Na época que parei de compor eu estava me sentindo bloqueado, totalmente sem inspiração, meu momento emocional não era bom, e como as músicas estavam saindo mecanicamente não estavam ficando bonitas.

* Vocês chegaram a acompanhar Roberto gravando suas músicas?
"MD" – Nas primeiras eu acompanhei, inclusive cheguei até a tocar piano em “Sonho lindo”. Também estava no estúdio quando ele gravou “A namorada”. Mas depois começamos a perceber que Roberto preferia ficar sozinho no momento da gravação, para que não fosse influenciado pelas opiniões dos compositores.Também acho que durante a gravação não devemos estar perto, porque ninguém melhor do que o próprio Roberto para saber o que ele quer.

* Com o passar do tempo e com o nível de perfeição do Roberto aumentando cada vez mais, passou a ser difícil fazer música para ele?
"MD" – Bastante, principalmente porque foi na época em que passei a ter mais dificuldade e, sem inspiração, usava mais a técnica do que o coração. Roberto deve ter percebido isso e nos pedia muito para mexer nas músicas justamente para buscar mais emoção, o sentimento necessário que estava faltando na canção. Com a sua orientação, acabávamos chegando ao que ele achava que era o ideal para ser gravado. Mas ficou complicado porque foi um momento muito difícil para mim, de mudança total na minha vida. No final dos anos 80 continuamos a fazer músicas para o Roberto Carlos, mas as dificuldades se tornaram maiores.

* Por que as composições do Roberto Carlos atingem tantas pessoas de diferentes idades e níveis sociais?
"MD" – Todo grande artista, todo grande gênio tem uma luz especial, essa pessoa tem um instrumento que recebe de um poder divino, e o Roberto não é diferente. Ele é um desses expoentes iluminados pela graça de Deus para receber essas melodias. Eu acredito que é isso que o diferencia dos outros, é o poder de ele ser esse instrumento em maior grau para receber essas instituições. É claro que nisso tudo tem a participação e a criação do compositor, mas a inspiração é inegável, e ele tem uma inspiração divina.

* Mesmo sendo uma presença constante nos discos do Roberto Carlos, nos anos 70 e 80, ficava a expectativa se ele gravaria suas músicas?
"MD" – Sempre ficava, e também havia muito a cobrança, minha e do Colla de não passar um ano sem ter uma música no disco do Roberto. Felizmente conseguimos manter essa média.

* Das músicas feitas pelo Roberto Carlos, quais as suas preferidas?
"MD" – “Cavalgada”, Emoções”, “Nossa Senhora”... Mas eu gosto de todas porque, como vocês, também sou fã do Roberto e tenho uma grande admiração por tudo que ele faz.

* Como você observa a religiosidade do Roberto?
"MD" – Como certeza ele é uma pessoa muito especial e que precisa nesse momento de um maior apoio espiritual. Tenho certeza e que ele está superando tudo isso, e peço que ele nunca perca a fé. Nada acontece por acaso, e com certeza na eternidade ele irá encontrar novamente o que perdeu, porque a perda da Maria Rita não foi definitiva. Se isso aconteceu foi o melhor para a alma dela e para o crescimento dele. Eu acho que o Roberto até pode ser um instrumento espiritual para a humanidade, gravando mensagens de amor e de esperança para muitas pessoas que estão passando pela dor que ele passou. Roberto já começou a fazer isso em seu último disco. Que ele continue sempre voltado para esse lado espiritual porque vai precisar demais.

* Maurício, que tal agora você fazer um comentário sobre cada uma das suas composições com o Carlos Colla que Roberto Carlos gravou?
"MD"
A namorada: Foi o grande marco de nossas carreiras porque foi a primeira música que Roberto Carlos gravou. Para mim foi a mais importante porque abriu todas as portas.
Sonho lindo: Eu me inspirei muito numa música americana de que eu gostava muito. Ela foi uma música que tivemos que mexer muito até que ficasse como Roberto queria. Ele nos pediu que acrescentássemos um pedaço de melodia no refrão, o que inclusive enriqueceu demais a música. Foi uma ideia do próprio Roberto, sugerindo a melodia.
Negra: O Carlos Colla se inspirou em uma menina que ele viu num baile em que cantávamos na época em que tínhamos um conjunto. Realmente era uma garota muito linda, e foi daí que nasceu a música.
Existe algo errado: Não tenho muita coisa a dizer de “Existe algo errado”. Eu considero uma música muito bonita, mas é uma canção que não me lembro de algo que me chame a atenção para fazer uma observação.
Comentários: É uma letra muito forte, que teve a sua época, mas dificilmente seria gravada hoje pelo Roberto.
Falando sério: Com certeza é o nosso grande sucesso.
Mais uma vez: Talvez seja a minha música favorita. Musicalmente eu gosto demais dela, inclusive tem muita participação do Roberto, que mexeu na melodia. Ele fez algumas mudanças maravilhosas que enriqueceram bastante a canção.
Me conte a sua história: Para compor essa música eu me inspirei muito em “Falando sério”. Naquele ano eu queria fazer uma canção que seguisse a linha de “Falando sério” e “Me conte a sua história” eu tento seguir os moldes.
Passatempo: Também é uma música que marcou muito a nossa carreira. Para mim foi o nosso grande sucesso depois de “Falando sério”.
Doce loucura: Engraçado é que eu acho que essa música na tem nada a ver com o Roberto. Eu achava que jamais ele iria gravá-la, e continuo achando que não tem nem um pouco o perfil do Roberto Carlos. Foi para mim uma grande surpresa quando soube que ele a havia gravado.
Quantos momentos bonitos: Eu gosto muito dessa música porque tem uma mensagem bem positiva na letra. É uma canção que passa a ideia de um amor feliz. É uma música muito para cima, romântica, que fala da beleza do amor em seu dia-a-dia. Gosto muito da frase “Quantos momentos bonitos que o dia-a-dia nos traz”.
A partir desse instante: Segue a linha das nossas músicas, sempre com muito romantismo. Essa música o Colla fez a letra primeiro e depois eu fiz a melodia.
As mesmas coisas: Junto com “Mais uma vez” é a música que mais gosto, principalmente pela melodia. Eu cheguei a refazer uma outra versão dessa música com a mesma melodia mas com outra letra. Um dia uma fã do Roberto me disse que gostava muito da canção mas que a achava triste, então resolvi refazê-la, como se fosse uma resposta, com o casal voltando, já que “As mesmas coisas” fala de separação. Eu cheguei a gravar num CD que nem foi lançado, mas ela está guardada para um dia alguém gravar. Seria uma espécie de “As mesmas coisas II, a volta”.
Da boca pra fora: Sinceramente eu nem me lembro dessa música. Engraçado, é daquelas músicas que fizemos mas não me marcaram muito.
Eu sem você: Foi a música que quase não entrou no disco. Mandamos para o Roberto mas ela tinha um pedaço que ele não gostou. Na véspera de embarcar para os Estados Unidos, ele me ligou dizendo que tinha gostado da música, mas que infelizmente tinha uma parte que não estava lhe agradando e que não daria mais tempo para mudar. Então procurei o Eduardo e pedi para me ajudar. Era a última chance que tinha para consertar, e em dois minutos o Eduardo Lages resolveu o problema, ajeitou o refrão, na mesma noite regravei a canção e entreguei ao Roberto quase na porta do avião. A música entrou no disco. O refrão praticamente é todo do Eduardo Lages.
Ingênuo e sonhador: A mesma coisa de “Da boca pra fora”... Não me lembro de detalhes de quando a compus com o Colla. É o que falei anteriormente, como eu já estava passando por um período difícil de criação, essas últimas músicas são bonitas, mas como foram difíceis de fazer e foram compostas muito mais com a técnica do que com a emoção, não tenho lembranças. Inclusive porque elas foram muito mexidas, até pelo próprio Roberto.

* Como você define Roberto Carlos?
"MD" – É um marco, um divisor na música popular brasileira, e mais do que nunca ele é fundamental para a nossa música. É só observar a quantidade de sucessos dele que estão sendo regravados e reconhecidos, até mais do que na época em que foram laçados. Agora é que estão dando realmente valor ao Roberto como compositor. Como figura humana, ele é insubstituível como mensageiro do amor. Ele é uma das poucas pessoas que realmente sabem falar do amor, e falar bem. O amor é que nós precisamos na humanidade. Pode-se dizer que Roberto Carlos é o nosso mestre maior do amor.

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