MAURO MOTTA
entrevista concedida a Carlos Eduardo F.Bittencourt para o
Grupo Um Milhão de Amigos

23.12.2000




Chegou às lojas o novo CD de Roberto Carlos... Talvez o mais esperado de todos os tempos
já que os fãs há três anos aguardavam um trabalho inédito
e, principalmente, o CD que marcava a volta de Roberto Carlos à sua rotina mais docemente cumprida.
Como fãs, corremos às lojas tentando descobrir o que tinha dentro do CD.
Como Grupo Um Milhão de Amigos, fomos cumprir a rotina tão agradável de buscar
e encontrar Mauro Motta para aquela conversa sobre os detalhes das gravações,
detalhes que ele conhece de perto há tantos anos,
já que tem sido o produtor da maioria dos discos de Roberto Carlos desde 1984.
Com vocês, numa entrevista exclusiva, nosso amigo Mauro Motta.

* Mauro, foi difícil Roberto Carlos gravar esse disco?
"MM" – De certa forma sim, Todo mundo sabe, é público o quanto Roberto sofre pela perda da Maria Rita, o quanto ele se emociona ao falar de sua ausência na Terra, já que em espírito ele está viva e vai sempre estar. Isso tudo influenciou bastante o lado emocional dele na feitura desse disco.

* Antes de falarmos com mais detalhes do CD “Amor sem limite” vamos retornar ao disco de 1999. Vocês chegaram a iniciar os trabalhos do disco daquele ano?
"MM" – Na verdade já tínhamos uma série de canções gravadas que não chegamos a completar porque todo mundo esperava que Maria Rita saísse da situação em que estava. Estávamos todos muito otimistas inclusive o próprio Roberto, mas chegou um momento que não deu para continuar e ele foi obrigado a parar os trabalhos. Gravamos só uma canção inédita, “Todas as Nossas Senhoras”, e para que o fã não ficasse sem o disco de final de ano selecionamos canções de discos anteriores lançadas numa coletânea.

* Houve algum momento em que você pensou que Roberto não fosse lançar um disco este ano?
"MM" – Não, porque o Roberto sempre se preocupou para que tudo saísse em função da Maria Rita, e eu tenho certeza, e o Roberto ainda muito mais, que a Maria Rita onde está queria o melhor para ele. Nesse momento esse disco era o melhor para a carreira do Roberto. Ele não deixaria de gravá-lo.

* Por que colocar no CD três músicas que Roberto já havia lançado antes?
"MM" – Porque foram músicas feitas para a Maria Rita, e como o disco é todo em homenagem a ela nada mais do que justo que elas entrarem no repertório.

* Em Recife, no dia 11 de novembro, Roberto adiantou que iria gravar uma música do Reinaldo Ayras e uma parceria do Nenéo com o Carlos Colla. Por que elas ficaram fora do CD?
"MM" – É que o Roberto pediu que fizessem algumas mudanças nas letras, e como estávamos em cima da hora e as mudanças não ficaram prontas a tempo, não deu para as músicas entrarem no disco.

* Qual o momento mais difícil da gravação desse disco?
"MM" – Eu não diria que tenha havido um determinado momento difícil já que esse disco foi feito com muito amor, mas um disco mais emocional sempre tem momentos delicados. De qualquer forma, não foi um disco difícil de fazer. É claro que todos sabem que o Roberto vivia, e ainda vive, um momento difícil pelo seu lado sentimental, pelo seu lado emocional, e a maior preocupação que eu e toda equipe tínhamos era de apoiá-lo ao máximo, no sentido humano, para que ele pudesse superar qualquer tipo de dificuldade.

* Por que desta vez você assina a produção do disco junto com o Guto Graça Mello?
"MM" – O Guto chegou quase no final do trabalho porque estávamos um pouco atrasados e o Guto, com a experiência que tem de produzir discos de artistas de grande porte nos ajudou demais a terminar o trabalho.

* Tem alguma música que você gostaria de destacar, alguma de que você tenha gostado mais?
"MM" – Eu gosto do disco inteiro, porque é um disco de amor. O amor está todo nesse disco e por isso eu gosto de todas as canções. Não existe uma música de que eu goste mais. É um disco muito bonito.

* Alguma música deu mais trabalho?
"MM" – Na confecção das bases acredito que sim, porque quando o Roberto faz as canções ele já tem uma certa ideia do que quer e às vezes o músico e o maestro assimilam, às vezes não. Isso é normal em qualquer gravação, e de uma forma geral fazer esse disco foi mais ou menos como fazer os outros.

* Vamos falar um pouco das canções inéditas do CD do Roberto Carlos:
O grande amor da minha vida: "MM" – Esta canção eu diria que está entre as minhas preferidas de todas as que o Roberto já fez. Considero um daqueles clássicos do Roberto que vão ficar eternizados. A letra fala de quando Roberto Carlos conheceu Maria Rita.
Amor sem limite: "MM" – Para mim é a que sintetiza o disco todo, é o amor sem limite que ele sempre viveu pela Maria Rita e para Maria Rita. Então é a música-chave do disco, é ela que na verdade tem o suporte do conceito do CD.
O grude (um do outro): "MM" – Como todas as canções desse disco de amor do Roberto ela fala do sentimento de ligação amorosa e de vida que ele tinha com a Maria Rita.
O amor é mais: "MM" – Também é outra musica muito bonita. Como disse, é muito difícil falar qual a música de que gosto mais.
Tudo: "MM" – É uma música linda da Martinha, com uma melodia muito bonita e a letra também.
Tu és a verdade, Jesus: "MM" – Mostra mais uma vez a fé inabalável e infinita do Roberto Carlos no Mestre Jesus. É a única composição inédita da parceria Roberto e Erasmo este ano.
Momentos tão bonitos: "MM" – Mais uma composição do Eduardo Lages com o Paulo Sérgio Valle, tem uma linha melódica e uma orquestração muito bonitas. A letra do Paulo Sérgio é impecável, o que não poderia ser diferente já que ele é um grande poeta.

* Mauro, foram muitas noites em claro para a gravação do CD “Amor sem limite”?
"MM" – Em todos os discos que faço com o Roberto o ritmo de trabalho é mais ou menos igual, porque quando se grava um disco a gente acha que vai fazer uma base ou um play-back de uma música em duas horas. Mas às vezes isso não acontece porque para fazer um trabalho bem feito essas duas horas se estendem para quatro, cinco ou até mesmo seis horas. Às vezes erramos no tempo e erramos por muito, e com isso o trabalho se estende mais. Essa coisa de virar a noite gravando é normal. Não houve nada de extraordinário por causa desse disco.

* Para terminar vamos falar do disco sertanejo. Como ele está e qual a previsão de lançamento?
"MM" – Ele não está totalmente pronto. Por esses dias iremos retornar às gravações. Não sei quando o Roberto quer voltar a trabalhar nele, mas o disco está bem adiantado e a nossa ideia é terminá-lo até março para ser lançado em abril ou maio.

* O repertório já está definido?
"MM" – Está quase todo definido. Eu diria que tem cerca de 75 a 80 por cento do repertório definido.

* Como você se sente depois de mais um ano trabalhando com Roberto Carlos?
"MM" – Mais uma vez foi uma honra trabalhar com o Roberto artista, e foi um prazer e um amor muito grande fazer mais uma vez um disco com ele. O Roberto é uma pessoa por que tenho uma grande admiração e um profundo respeito pessoal e artístico, e isso só me deixa muito feliz.

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