ROBERTO CARLOS
entrevista coletiva
no Projeto Emoções em Alto Mar 2012
Transcrição: Carlos Eduardo F.Bittencourt para o
Grupo Um Milhão de Amigos
05.02.2012




Na tarde de 5 de fevereiro, a bordo do navio Costa Pacífica,
atracado no Píer Mauá, no Rio de Janeiro,
na oitava edição do “Projeto Emoções em Alto Mar”,
Roberto Carlos recebeu a imprensa para a sua tradicional coletiva.
Tudo o que nosso Rei falou naquela tarde você vai ficar sabendo agora.

* Você é uma unanimidade há mais de 50 anos. A que você atribui isso?
"RC" - Eu não sei. A única coisa que sei é cantar. Gosto de cantar, gosto de compor. Agora, esse tipo de análise... Não é meu caso ficar procurando explicações. Eu deixo isso para as outras pessoas, vocês, jornalistas, e os fãs. Gosto desse carinho e fico contente quando ouço esse tipo de comentários, do amor que existe de outras pessoas, do amor que dou e que recebo.

* Você já fez músicas para as gordinhas, baixinhas, mulheres de óculos, enfim, para vários tipos de mulheres. Você pensa em fazer alguma música específica para suas fãs? E tem alguma categoria específica de mulher que você pretende homenagear?
"RC" - Eu já fiz várias músicas para as minhas fãs, porque quando eu falo de amor eu também estou falando delas. Pode ser que algum dia eu faça esse tipo de música. É uma boa ideia.

* Este ano você esteve em Jerusalém. Essa viagem serviu de alguma forma para reafirmar sua fé?
"RC" - Quem vai a Jerusalém sente uma emoção muito forte, e certamente a fé aumenta. Sempre digo que hoje a minha fé é muito grande, mas é muito consciente. É difícil explicar isso, teria que levar uma hora para falar de uma fé consciente. Mas, com certeza, mesmo com essa fé consciente e equilibrada que tenho hoje, a viagem foi muito forte e aumentou muito mais o equilíbrio da minha fé, ou a minha fé dentro desse equilíbrio.

* Você é muito religioso. Se você tivesse que citar um Anjo da Guarda quem seria essa pessoa?
"RC" - Eu acredito em um Anjo da Guarda que é a Carminha, minha secretária.

* Você já disse em outras coletivas que assiste ao Big Brother. O que achou da eliminação do Daniel do programa?
"RC" - Pelo que vi na televisão não encontrei motivos para ele ter sido afastado do programa. Mas não posso julgar o que aconteceu, apenas o que a televisão mostrou. Por aquelas imagens eu não expulsaria, porque o que rolou ali foi uma brincadeirinha, não foi nada sério. Diria que foi uma coisa superficial.

* O que você acha do fenômeno Michel Teló?
"RC" - Você já disse tudo. É um fenômeno, e fenômeno não se explica. O sucesso de Michel Teló é fantástico, eu nunca tinha visto isso antes em toda a minha vida. Com certeza “Ai se eu te pego” é uma música pegajosa, gostosa, eu gosto. Toda vez que alguém fala para mim “que delícia” eu já começo a cantar a música dele. O meu amigo, Roberto Livi, diz que o sucesso é indiscutível, ninguém pode discutir. Quem decide se uma música ou um artista são sucessos é o público, e o Michel Teló está de parabéns porque “manda muito bem”. É bom ouvir o cara.

* Você está cantando “Ai se eu te pego” no seu show?
"RC" - Eu não cantei a música. Eu dei uma “palhinha”, porque a plateia começou a brincar comigo, cantando “delícia, delícia”, e eu retribui. Foi gostoso, foi muito bom. Foi uma delícia.

* Para quem você cantaria “Ai se eu te pego”?
"RC" - Para vocês todas.

* É verdade que você vai autorizar o lançamento do “Louco por você”?
"RC" - Não, ainda não! Tem muita polêmica a respeito desse disco. Volto a dizer que nunca autorizei o lançamento porque quero aproveitar a evolução da tecnologia para melhorar o som dele. Fui um disco gravado quando eu era menino, há muitos anos. Pode ser que depois de toda essa polêmica eu até me empenhe em trabalhar o “Louco por você”, melhorar a qualidade do som e lançá-lo. Eu não quero lançar como ele foi gravado porque hoje temos um som muito melhor. O lançamento hoje seria apenas uma curiosidade, mas sem nenhuma qualidade.

* Dizem que você é o artista mais caro do Brasil. Quando custam os seus shows?
"RC" - Eu não sei se sou o artista mais caro do Brasil, porque não sei o preço dos outros artistas. Não sei quanto os outros ganham, então não posso dizer se sou o mais caro. Em relação a preço eu deixo isso para o Dodi. A minha preocupação é apenas cantar, e dar o melhor de mim. Já é uma preocupação muito grande saber o que vai acontecer no palco para ficar também pensando o que vai acontecer na bilheteria e com os patrocínios.

* Você embarcou três semanas depois do naufrágio do Costa Concórdia, onde você viajou em 2010. Em algum momento você teve receio de fazer esse cruzeiro? O que você sentiu quando viu pela televisão as imagens do navio afundando?
"RC" - Em nenhum momento eu tive receio e nunca passou pela minha cabeça cancelar o Projeto Emoções, mas foi muito triste ver aquelas cenas pela televisão, Chorei muito. Aquilo me tocou muito. Falei: meu Deus do céu, que triste ver tudo isso! Esses navios são muito seguros, o que aconteceu com o Costa Concórdia foi um acidente que está sendo analisado pelas autoridades. Logo vamos saber o que provocou o naufrágio. Existe muita controvérsia. Acusações e defesas são sempre coisas complicadas. Mas eu me sinto muito seguro nesses cruzeiros. Eu sou um homem do mar e conheço um pouco de navegação.

* No ano passado você foi homenageado pela Beija-Flor, sendo campeão do Carnaval. Existe alguma homenagem que você ainda gostaria de receber?
"RC" - Eu estou muito contente com tudo o que vem acontecendo comigo, mas é lógico que quero conquistar mais. Quero continuar fazendo o meu trabalho cada vez melhor, e através dele conquistar outras coisas. Essas homenagens me entusiasmam e me impulsionam a seguir em frente tentando fazer o meu trabalho cada vez melhor.

* Você pretende lançar o CD e o DVD do show que fez em Jerusalém?
"RC" - Esse material foi entregue há alguns dias pelo Guto Graça Mello à Sony, e a previsão é de que o CD e o DVD sejam lançados no final de março ou início de abril. Pela primeira vez será feito um lançamento mundial, já que tem músicas em cinco idiomas. Por isso é que a gravadora está tomando todos os cuidados.

* No ano passado você disse que tinha músicas suficientes para fazer dois CDs. Quando essas músicas serão lançadas?
"RC" - Eu não disse que tinha músicas para fazer dois discos, apenas para fazer um, mas elas ainda não estão totalmente prontas. Pretendo lançá-lo ainda este ano. O que eu disse no ano passado é que tinha músicas inéditas para lançar dois álbuns em castelhano, já que tem muito tempo que não lanço disco lá fora. Também quero fazer isso este ano.

* Como está a sua fase de composição dessas músicas novas?
"RC" - Eu tenho algumas músicas prontas, outras quase prontas e algumas por fazer. Eu acredito que tenha todo esse material pronto até junho, porque prometo me dedicar este ano totalmente a esse projeto.

* Até uns quatro, cinco anos atrás ninguém poderia imaginar ficar um ano sem disco de Roberto Carlos, e desde 2008 que você não lança um disco. Por causa da crise que passa o mercado – pirataria, música pela internet – lançar um disco anual deixou de ser um projeto em sua vida?
"RC" - Não por causa disso, mas eu acho que não devo mais lançar um disco por ano, e sim fazer um disco bem feito, mais trabalhado, não me importando se ele vai ser lançado daqui a dois ou três anos. Também tive muito trabalho e com isso ficou difícil gravar um disco. Esse ano eu quero fazer esse disco, mas não sei quando ficará pronto. Já disse algumas vezes que eu nunca acho que o disco está pronto, mas chega um determinado tempo que resolvo abandoná-lo por causa da pressão do Dodi e da Sony.

* Em Jerusalém, na véspera de visitar o Muro das Lamentações, perguntei se entre os pedidos que você colocaria no muro estava um novo amor. Esse pedido se concretizou?
"RC" - Ainda não, mas está chegando.

* No ano passado você não gravou o Especial da Globo. Você ficou chateado com isso?
"RC" - Eu fiquei preocupado quando a Globo propôs passar a reprise do show de Jerusalém, mas por outro lado também fiquei tranquilo porque certamente haveria comparações. O show em Jerusalém foi um dos melhores que fiz na minha vida, e as comparações certamente aconteceriam porque o tempo seria muito curto entre ele o Especial, e isso não seria legal. Eu teria que fazer um show, pelo menos, igual, porque melhor seria muito difícil em curto espaço de tempo. Por isso concordei com a reprise, e agora é pensar em fazer um grande show para o final deste ano. Com um espaço maior, as comparações serão menores.

* Quanto mais os tempo passa, mais você exerce uma sedução sobre as pessoas, principalmente sobre as mulheres. Você tem consciência disso?
"RC" - É que eu sou seduzido, principalmente por vocês, mulheres. Com isso eu fico estimulado a continuar fazendo tudo do jeito que eu faço, sem ficar preocupado com isso. É muito bom ouvir esse tipo de elogio. O amor e o carinho me seduzem muito.

* Ano passado você esteve em Jerusalém, pretende levar esse projeto para outros lugares?
"RC" - O primeiro lugar que eu levaria era para Cachoeiro de Itapemirim, mas o Dody não concorda. Se depender dele eu iria para Austrália, Grécia, esses lugares longes. Eu sempre digo a ele: “Cachoeiro, bicho!” É claro que isso é uma brincadeira, mas até certo ponto. Esse ano eu não vou viajar, mas existem propostas para o ano que vem. Eu tenho agendada uma tournée para México e Estados Unidos para este ano, mas não seria uma tournée com a grandiosidade do Projeto Emoções em Jerusalém.

* Diversas bandas estão surgindo baseadas no seu repertório, bandas de carnaval, e de ritmo nordestino. Como você recebe essas homenagens?
"RC" - Eu fico muito contente, muito feliz. Cada vez que alguém regrava uma música minha, principalmente essas bandas novas, é uma grande honra, me deixa muito feliz.

* Há alguns anos saiu publicado que os diretores de teatro, Cláudio Botelho e Charles Möeller, montariam um musical baseado em suas músicas. Como ficou essa conversa?
"RC" - Eu não recebi essa proposta de forma clara e objetiva. A partir do momento que eu receber, estudarei com carinho.

* Você está muito bronzeado, está aproveitando bem o verão carioca?
"RC" - Eu me bronzeei para a temporada no navio, porque estava branquelo. Que bom que você notou; valeu o meu esforço.

* Quem você elegeria hoje como o seu sucessor?
"RC" - Ainda é cedo para pensar nisso. Tenho muito tempo para pensar, também não acho que eu tenha que eleger alguém. O que eu faço muita gente faz, cada um do seu jeito, com a sua forma de compor e de cantar.

* Você continua acompanhando novela?
"RC" - Continuo noveleiro, principalmente a novela das nove, porque é o horário que estou em casa, e quando eu não estou eu gravo. Acho as novelas uma diversão maravilhosa, e o Brasil tem a melhor novela do mundo. É uma diversão gostosa, a gente fica ali sentado, descansando. Estou gostando muito de “Fina estampa”.

* Você viu o musical do Tim Maia, que tem um personagem que faz o seu papel?
"RC" - Ainda não vi, mas já ouviu vários elogios. A Ivone Kassu está sempre insistindo, tentando montar um esquema para eu ver. Eu sei que a peça é um sucesso e tenho muita vontade de assisti-la. Com certeza eu vou gostar, porque o povo está gostando e tenho o gosto parecido com o povo. O Tim merece.

* Mas o público gostou da sua biografia escrita pelo Paulo César Araújo e você não gostou.
"RC" - Aí é outra coisa, foi uma invasão de privacidade. Isso diz respeito aos meus direitos como dono da história. Eu sou o personagem da história, dono da minha história e acho que nenhuma pessoa pode contar qualquer passagem da minha história, principalmente ela toda sem a minha autorização. Disso eu não abro mão!

* Qual a mensagem que você daria ao jovem brasileiro?
"RC" - Que ele seja trabalhador, honesto, que ame e respeite o próximo, que trace a sua vida no caminho certo da honestidade.

* Você usa o computador para compor?
"RC" - Não, eu sou ainda da época antiga. Eu gosto de compor com lápis, caneta e papel, é assim que me sinto mais seguro. Posso até depois passar a composição para o computador, mas sinto que o que penso sai melhor no papel do que em uma tela.

* Você continua malhando?
"RC" - Ultimamente eu estou sem tempo, mas gosto de marombar, me considero um marombeiro. Gostaria de estar marombado mais do que estou, mas agora vou pegar firme de novo.

* Há oito anos que você faz o "Projeto Emoções em Alto Mar". O que te atrai tanto nesse projeto?
"RC" - Rapaz, isso aqui é uma maravilha. Eu fico contando os dias que faltam para entrar no navio. Espero esse cruzeiro o ano todo com a maior ansiedade, e, quando acaba e deixo o navio, fico olhando para ele com vontade de chorar. Isso aqui é uma viagem de sonhos, eu aqui não tenho problemas, não tenho coisas para resolver. Agora, quando volto para a terra, para a realidade, dá vontade de voltar correndo, e continuar navegando nesse balanço gostoso, nesses mares de emoção, como digo na música. Não sou só eu quem pensa assim. O comandante Michelle di Gregório, que tem me acompanhado todos os anos nesse projeto, diz a mesma coisa. Há 50 anos que ele faz cruzeiros, e diz que nunca viu um clima tão harmonioso como no "Projeto Emoções", o clima de amor que existe aqui. Ele falou que espera pelo nosso cruzeiro o ano todo. Aqui a gente vive um clima de muito amor.

* Você pretende assistir ao desfile das Escolas de Samba este ano?
"RC" - Esse ano eu vou assistir pela televisão. Talvez o ano que vem um retorne à Sapucaí. O que passei no ano passado foi uma emoção incrível, não dá para explicar o que foi ser homenageado pela Beija-Flor e ainda ser o enredo campeão. Eu não vou esquecer nunca disso, toda hora fico pensando, ainda mais agora que o carnaval está chegando. Só tenho que agradecer à Beija-Flor, foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida.

* Como você está recebendo a música em formato digital?
"RC" - É maravilhoso, é a tecnologia. Isso facilita a divulgação do nosso trabalho, chega mais rápido ao público, o acesso é imediato. Estou bastante entusiasmado, e vou continuar fazendo o meu trabalho para lançar de uma forma diferente do que era feito até pouco tempo atrás.

"RC" - Boa tarde para todos, obrigado por terem vindo, obrigado por esse carinho, por esse amor.

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