Na tarde de 27 de fevereiro, Roberto Carlos recebeu a imprensa a bordo do navio Costa Favolosa, no Pier Mauá, na nona edição do “Projeto Emoções em Alto Mar”. Antes da entrada de Roberto no Teatro Hortência, a diretora de operações do projeto, Suzana Lamounier, abriu os trabalhos. Muito emocionada, ela disse o quanto estava sendo difícil estar ali naquele momento, substituindo Ivone Kassu, assessora de imprensa de Roberto Carlos por mais de 40 anos, que durante oito anos iniciava os trabalhos das coletivas realizadas no navio.
"RC" - Boa tarde para todos. É um prazer está aqui com vocês, mais uma vez nesse nosso encontro anual, no mar, e vamos conversar. Obrigado por vocês
terem vindo.
* Roberto, sobre esse novo álbum de remixed, que você vai lançar este ano, tem previsão de lançamento? "RC" - O lançamento não tem ainda uma data certa, mas deve ser no primeiro semestre. Eu estou muito entusiasmado com o trabalho dos DJs, o disco vai mostrar um lado diferente do meu trabalho, do que tenho feito. É um estilo interessante, tem que ouvir para entender, é totalmente diferente do que faço, mas é interessante. Agora mesmo cantei “Fera ferida”, que é uma balada, em um estilo dançante. É uma sensação boa ver uma gravação remixada, que fica totalmente diferente da gravação original e até mesmo do processo de composição. * Esse remixed será feito em cima das gravações originais ou você vai regravar essas músicas? "RC" - As músicas já estão selecionadas e os DJs estão trabalhando nas gravações originais. * Como você se sente sendo o cara do momento? Você imaginava que essa música fosse ter tanta repercussão? "RC" - A gente sempre acredita no que está fazendo, sempre tenho pensamento positivo do sucesso de uma música que gravo. Mas “Esse cara sou eu” alcançou um sucesso maior do que imaginava. Eu estou muito contente com o resultado, como a música foi aceita pelas pessoas, feliz com o tema. Também tenho que agradecer a Glória Perez e ao Mariozinho Rocha por terem incluído ela na novela, o que sempre dá uma força muito grande para qualquer música e qualquer artista. Esse é o cara que eu tento ser. Eu estou tentando, mas eu chego lá... Estou chegando. * Surgiram comentários de que você poderia abrir a Copa do Mundo no ano que vem. Você recebeu algum convite? "RC" - Não recebi nenhum convite, apenas soube disso pela imprensa. * Se tivesse que escolher entre cantar na abertura de uma Copa do Mundo ou de uma Olimpíada, qual você escolheria? "RC" - Eu não sei, mas certamente que se for escolhido eu ficarei muito nervoso. É uma honra para qualquer artista participar de eventos como este. * A música “Esse cara sou eu” está fazendo muito sucesso entre a garotada. Como você recebe isso? "RC" - Eu acho maravilhoso. Como já disse estou super contente com o resultado dessa música em todas as faixas etárias. Eu tenho visto, inclusive, crianças cantando, e muitas delas já chegaram para mim dizendo que eu sou o cara. Não, eu não sou o cara, estou tentando ser o cara. * Você se lembra do seu primeiro sucesso em rádio? "RC" - “Louco por você” tocou bastante, mas o meu primeiro sucesso foi “Splish, splash”. Depois vieram outros como “Parei na contramão” e “O calhambeque”. Faz tempo. * Que conselho você daria para um compositor que está iniciando a carreira? "RC" - Trabalhar muito, se concentrar no que está fazendo, ser detalhista, exigente. Não deixar que uma música fique mais ou menos, tem que ficar sempre mais do que você imagina. E procurar um bom empresário... Eu sempre tive bons empresários, e agora tenho o Dodi Sirena. * O “Projeto Emoções em Alto Mar” tem realizado sonhos de muita gente. Já soube que houve até pedidos de casamento no navio. Como você recebe o sucesso desse projeto? "RC" - Eu sempre digo que esse cruzeiro é uma das maiores emoções da minha vida. Durante esses nove anos eu percebo que aqui reina um clima de amor. Eu sempre digo que aqui se vive o amor e a ilusão, porque ficamos fora da realidade, do dia-a-dia. Já teve anos que quando deixei o navio e voltei à minha realidade eu cheguei a chorar. Não tenho que reclamar do meu trabalho, da minha rotina, mas aqui são verdadeiros dias de sonhos. Fiquei um pouco receoso quando o Dodi me apresentou a proposta pela primeira vez, mas acabei sendo convencido por ele. Também não sei se ele acreditava que fosse chegar até onde chegou. Já estamos há nove anos nisso. * No ano que vem o Emoções em Alto Mar completa dez anos. Qual a fórmula para manter esse público tão fiel, que te acompanha esses anos todos, já que o preço do cruzeiro não é barato? "RC" - Eu não sei qual é a fórmula, mas sempre digo que existe um caso de amor muito sério entre eu e os meus fãs. A gente se ama muito, e essa troca é muito grande. Tenho certeza de que é isso. * No ano que vem seus especiais na Globo completarão 40 anos. Qual é a sua emoção em relação a isso? Você vai fazer um programa especial para comemorar a data? "RC" - Bicho, eu nem me lembrava que vai completar tudo isso, parece que foi ontem. Eu gosto muito de fazer os especiais, e cada um que faço parece que sempre é o primeiro. O meu nervosismo e a emoção são os mesmos. É sempre uma grande expectativa. O programa começa a ser preparado muito cedo. Logicamente que os convidados têm contribuído muito, assim também como os produtores e diretores que tive ao longo desses anos. É um privilégio ter pessoas competentes trabalhando comigo. * O assédio da mulherada mudou depois do sucesso de “Esse cara sou eu”? E hoje, você é esse cara para alguém? "RC" - As pessoas têm reagido muito bem com a música, brincam muito comigo. Se eu sou esse cara para alguém? Eu já disse que tento ser esse cara. * Você lançou há pouco um funk. Tem planos para fazer alguma coisa diferente no próximo disco? "RC" - Estou sempre muito atento às coisas que acontecem, e sempre aprendendo com os mais jovens, com os músicos novos. Gosto muito de fazer experiências com as músicas. A primeira vez que cantei um funk foi com o MC Leozinho, em um dos meus especiais. Quando percebi que um funk pode ter uma letra romântica me animei em fazer “Furdúncio”. * Você chegou a proibir a execução de “Esse cara sou eu” pela banda Aviões do Forró? "RC" - Eu não tenho nenhuma restrição de qualquer artista regravar minhas músicas, desde que eu autorize. Para alguém gravar uma música o compositor tem que autorizar. E outra coisa: eu só gosto de autorizar as regravações depois de certo tempo, depois de a música completar um ciclo na minha voz. Eu acho que ainda não é o momento de alguém gravar “Esse cara sou eu”, porque ela ainda está fazendo uma carreira comigo. Daqui a alguns anos, eu não terei nenhum problema em autorizar. Estão acontecendo muitas brincadeiras, paródias na internet com a música, isso não tem problema, mas gravar é outra coisa. Quero aproveitar e falar em nome de meus colegas que acho uma falta de respeito um artista gravar alguma música sem autorização do compositor. Eu não gosto desse tipo de comportamento. * Você está namorando? "RC" - Não. * Mas está beijando na boca? "RC" - Não dá para viver sem isso e sem sorvete. * Como foi o processo de composição de “Esse cara sou eu”? "RC" - Eu fiz essa música pensando no cara que toda mulher gostaria de ter e no cara que todo homem gostaria de ser. Partindo desse principio, comecei a pensar no cara romântico, gentil, cavalheiro, amoroso, forte, protetor, que segura no braço da mulher, que manda flores, que abre o caminho para a mulher amada. São coisas que agradam as mulheres, elas gostam de homem assim. A Luana Piovani falou que por mais independente e liberada que a mulher seja, ela sempre gosta de ser protegida, de ter uma atenção especial do homem. Tudo isso faz parte do amor, do romantismo. * O que uma mulher precisa ser e precisa ter para te dizer: Essa mulher sou eu! "RC" - Sinceramente não estava preparado para essa pergunta. Isso é muito difícil, é muito complicado para estabelecer parâmetros, porque quando estamos amando, a gente ama o que vê, o que tem, o que sente. Acontece até mesmo de às vezes se apaixonar pela pessoa errada. São coisas do amor. A mulher tem que ser simplesmente ela, mas para mim ela tem que ser romântica, muito amorosa e ter personalidade. * Com toda a crise de pirataria e música pela internet, você alcançou números recordes, atualmente vendendo 2 milhões com um disco de quatro músicas. Essa pode ser a tendência de sua carreira, um disco de poucas músicas? "RC" - A minha intenção é sempre fazer um disco com dez músicas, como vinha fazendo ao longo da minha carreira, mas não está dando tempo. Como não fiz as outras seis, resolvi lançar um disco com quatro músicas, que pode ser raro agora, mas que já aconteceu antes. Nos anos 70 eu cheguei a lançar muitas músicas em compactos que depois entravam nos LPs de final de ano. Recentemente conversei com o Roberto Livi, meu produtor dos discos em espanhol, que disse que isso está acontecendo em outros países. Então eu pensei: se lá fora está acontecendo por que eu não faço aqui? Eu gostei da ideia. Foi bom, porque se no final do ano não tiver as dez músicas prontas eu posso lançar o CD com menos músicas, não preciso ficar preso nas dez músicas. Agora, quero deixar claro que quando lançar um disco com dez músicas eu já tenho essas quatro, então só tenho que fazer mais seis. Dody Sirena: Eu gostaria de completar a sua pergunta sobre os números desse CD. Primeiro, foi um privilégio o Roberto ter resgatado no Brasil o EP. Além dos 2 milhões de discos que ele vendeu como produto físico, o Roberto também vendeu mais de 700 mil cópias no mercado digital. Isso mostra que o Roberto está abrindo um novo caminho para todos os artistas, resgatando o compact disc. * O que você pretende fazer que ainda não fez? "RC" - Na realidade eu quero apenas continuar fazendo o que eu faço. Pretendo fazer um disco em espanhol, porque há muito não gravo nesse idioma. O remixed é um projeto novo. Também pretendo lançar um disco no final do ano com dez músicas, aproveitando o repertório desse single. Eu já tenho as músicas, falta mesmo é entrar em estúdio e gravar. Mas eu quero fazer uma canção de amor que eu ainda não fiz, que fale do amor na sua forma mais sublime, mais linda, mais forte. Durante a minha carreira já fiz muitas, mas quero fazer uma que fale mais do que eu já falei até agora. * Você disse que se fosse convidado para abertura da Copa ou das Olimpíadas que ficaria nervoso, mas para quem já foi enredo de Escola de Samba não seria uma emoção parecida? "RC" - É diferente. Ser enredo da Beija-Flor me deixou nervoso, eu não sabia como me comportar, apesar de não ter sido a primeira vez, pois também fui enredo da Cabuçu em 87. Num desfile você está ali recebendo o carinho do público, e na hora eu não sabia se chorava ou se sorria. Já cantar na Copa ou nas Olimpíadas é uma responsabilidade minha. * Gostaria que você falasse sobre a ausência da Ivone Kassu, sua assessora durante muito tempo e que não está mais aqui conosco. "RC" - Nossa senhora, é uma coisa difícil de falar. Além de minha assessora de imprensa, a Ivone era minha amiga. Era não, é, pois ela continua minha amiga lá em cima. Era uma pessoa querida, que cuidava dessa parte de uma forma muito apaixonada, com uma entrega total. A Ivone era minha amiga até para conversar sobre outras coisas que não fossem ligadas a sua profissão. Ela me acompanhou durante todos esses anos. Hoje eu estou sentindo muito sua falta e sua presença, mas com certeza ela está por aqui, pois ela era muito ligada a mim e a esse projeto. É muito difícil aceitar a falta da Ivone, mas o que a gente vai fazer? Que Deus a tenha em bom lugar, a abençoe e continue sempre a lembrança bonita que a gente tem dela. A Ivone é uma pessoa maravilhosa, uma pessoa direta, sem rodeios e muito cheia de amor. Eu adoro a Ivone! * O Erasmo convidou um grupo de garotos, a banda Os Filhos da Judith, para acompanhá-lo. Você não pensa em abrir espaço para músicos novos em sua banda? "RC" - Eu estou sempre ligado na nova geração, e gosto muito do que tenho escutado. Mas os músicos da minha banda não são apenas músicos. Além do talento deles, a amizade que existe entre nós é muito forte. Nós somos irmãos, mesmo, é uma coisa muito bonita e muito gostosa, por isso eu não pensaria nunca em substituir alguém. Enquanto o cara tocar, ele vai continuar na minha banda. Agora, em gravações em estúdio eu convido outras pessoas, agora mesmo eu convidei o DJ Batutinha, para produzir “Furdúncio”, o Chocolate e o Jorge Helder, músicos do Lulu Santos, para tocar em “Esse cara sou eu”. * Você é usuário de redes sociais? Como é a sua relação com a nova tecnologia? "RC" - Eu não sou muito de ficar navegando no computador. Não sou um craque, mas eu uso quando é preciso. Hoje em dia é difícil viver sem essas tecnologias. * Como você recebeu a notícia hoje da tragédia em Santa Maria, do incêndio na boate Kiss, onde morreram mais de 230 pessoas? "RC" - Como todo mundo, muito triste. É lamentável, estou comovido como todo mundo. Quero aproveitar para mandar minha solidariedade às famílias, aos pais desses jovens. Meus sentimentos sinceros pelo que aconteceu. É muito triste. Imagina a dor que essas pessoas estão sentindo! Meus sentimentos sinceros a todos. * Existe um prazo para o “Projeto Emoções em Alto Mar” terminar? Dody Sirena Com certeza que não. A presença de vocês, jornalistas, sempre nos prestigiando, e com a vontade que o Roberto tem, a idéia é que a gente ainda possa fazer muitas celebrações no futuro, e não só as dos dez anos no ano que vem. "RC" - Esse é o cara! * Já tem alguma previsão do local onde você vai comemorar o seu aniversário este ano? Dody Sirena: Até agora estava sendo mantido em segredo, mas agora é oficial. O Roberto vai comemorar o aniversário este ano em Porto Alegre, onde ele não se apresenta há dois anos. Serão dois shows: no dia 19 vai ser um show de gala e no dia 20, na Arena do Grêmio, um estádio inaugurado no final do ano passado com capacidade para 55 mil pessoas. Isso faz parte de uma grande tournée que o Roberto vai fazer pelo sul do Brasil. * Você se considera uma pessoa sonhadora? E tem algum sonho que você gostaria de realizar? "RC" - Eu sou um sonhador, um eterno sonhador. Eu vivo sonhando, são sempre sonhos românticos. Mas existem muitos sonhos que pretendo realizar. "RC" - Obrigado a vocês, obrigado por tudo, pelo carinho, pelo amor. Obrigado por esse bate-papo. Que bom que a gente mantenha o amor acima de todas as coisas. Amém, que Deus abençoe a todos. |