Em “Aqui Está!”, programa exibido pela TV mexicana, encontramos Roberto Carlos “hablando en español”. Temos o vídeo dessa entrevista de Roberto Carlos à Verônica Castro.
* VC – Você, querido e famoso há tanto tempo, ao receber prêmios importantes como a “Tocha de Prata”, de Viña del Mar, ainda se sente
muito bem ou isso já não significa muito? "RC" – Não, significa muito! Para mim essas coisas sempre são muito importantes. É certo que cada vez tenho que seguir adiante, fazer coisas novas e dizer a esse público que me dá todas essas coisas que tenho algo mais para dizer e que todas essas coisas são muito importantes para mim. * VC – Eu pensava que com todas essas homenagens, depois que um artista chegava a um certo nível artístico, não se emocionava mais com isso. "RC" – Não, ainda fico nervoso, como estou agora! Em situações especiais assim sempre fico nervoso! * VC – Esta noite é muito especial para nós também. Soubemos que recebeu um dos mais importantes prêmios, inclusive o único dado em Portugal por mais de um milhão de discos vendidos naquele país. "RC" – Não sei se fui o único, penso que outros já ganharam esse prêmio. Mas, para mim, vender um milhão de discos em Portugal é fantástico. Os prêmios, para mim, são resultados do meu trabalho, são como os aplausos. Os aplausos e os prêmios estão juntos. * VC – É muito importante ser um grande vencedor em sua terra. Aqui dizemos ser um “profeta” em sua terra. No Brasil o chamam como “o cantor”. Suas músicas também chamam de “a canção”. É muito importante ser assim reconhecido em seu país? "RC" – Não sei, porque não sou nenhum “profeta”. Sinceramente, penso que sou um cantor como outros, que trabalho, que gosto de compor, que gosto de cantar, que gosto de dizer coisas, que gosto de imaginar situações e colocar essa situações nas canções que faço. E não somente o que imagino, mas o que vivo também. * VC – Às vezes um artista tem que sair do seu país e ganhar fama no exterior para ser reconhecido em sua própria terra. Você não precisou fazer isso. "RC" – Não, porém existe em mim uma necessidade particular de sair do meu país e mostrar meu trabalho, minhas canções em outras partes do mundo. Penso que isso é uma coisa mesmo de artista, querer mostrar o que faz, querer que os outros saibam. * VC – Dizem que está sendo um dos anos mais importantes de sua carreira. "RC" – Sim, é um ano muito importante. Muito importante porque fiz outras coisas, cantei outras canções. Novamente me encontrei com Roberto Livi, que me ajudou muito no disco que fiz, com as canções que fez, que são lindíssimas. Roberto Livi é muito inspirado e o resultado desse encontro foi muito bom. Eu digo desse encontro porque conheço Roberto Livi há muito tempo. Inclusive, somos compadres; sou padrinho de sua filha. * VC – Não puderam trabalhar juntos? "RC" – Comecei a viajar muito, o Roberto voltou para a Argentina e acabou indo para Los Angeles. Então nos desencontramos até que, certo dia eu quis gravar canções de outros compositores no disco em espanhol e, aí, nos reencontramos. * VC – Vamos falar sobre o Grammy? "RC" – Que posso dizer? É uma emoção muito grande. Senti muito não estar lá, porém, estava num festival muito importante, o Viña del Mar. Quando soube que estava indicado já estava comprometido com os organizadores do festival. * VC – Devo lhe dizer que foi uma emoção incrível porque eu estava ali na primeira fila e, fascinada com o show, vi apresentarem Roberto Carlos como um “monstro”. Isso dito para um público de umas 45 a 60 mil pessoas, todas o aplaudindo, cantando suas canções! "RC" – Que bom! * VC – Você tem canções lindíssimas e de repente também canta tangos. E são tangos que funcionaram bem numa época e que, agora, você os canta e eles funcionam ainda melhor. Você gosta de tangos? "RC" – Eu gosto sim, porém de alguns tangos em particular. Logicamente que o ritmo e o estilo do tango são coisas realmente muito importantes. O tango é importante na música do mundo, na história da música. Mas não canto só por isso, mas porque gosto mesmo. Alguns tangos têm letras, melodias e harmonias maravilhosas. E, então, gosto muito de cantar aqueles que mais me tocam. * VC – As letras são sofridas... "RC" – Isso faz parte da vida. Numa hora sofremos muito e em outras... * VC – Você sofre muito? "RC" – Muito não... mas, às vezes sim. Não digo que vivo sofrendo, porém, às vezes, temos sofrimentos, claro. Eu creio que o sofrimento faz parte da nossa missão na Terra. * VC – Faz parte do ser humano? "RC" – Sim, faz parte do ser humano, parte, inclusive da purificação. Então às vezes os tangos falam dessas coisas de uma forma muito direta, muito dura e nos deixam um pouco tristes. Contudo, existem tangos lindíssimos. E eu gosto de cantar os tangos de que mais me emocionam. * VC – Você admira Gardel? "RC" – Muito! Gardel é um mestre! * VC – O que mais gostava, admirava nele: sua forma de interpretar ou como pessoa? "RC" – Eu conheço o seu repertório, o que ele cantava. Não conheço muito de Gardel como pessoa. Eu gostaria de conhecer mais. Vou conhecer mais. Porém eu gosto da forma como canta, principalmente. Temos que pensar que na época em que Gardel viveu e gravava tudo era bem mais complicado. Não era como hoje, tudo bem mais fácil. Quando não se gosta do que se gravou, é só repetir, apenas repetir a parte que não gostou. Naquela época era bem diferente. E quando ouço um disco de Gardel, sinto que parece ter sido gravado hoje, porque é muito bom. E fala de coisas que continuam sempre presentes, como o romantismo. Ele tem letras lindas, como a de “El dia que me quieras”, uma maravilha! É uma canção de um homem apaixonado, falando coisas que poderiam ser ditas hoje e sempre. * VC – Você gostaria de fazer, algum dia um disco só de tangos? Nunca pensou nisso? "RC" – Sim, já pensei. Quando comecei em rádio, e canto desde que tenho minhas primeiras recordações, comecei cantando em espanhol. Foi na Rádio de Cachoeiro de Itapemirim, a cidade onde nasci. Cantei um bolero “Amor y más amor”, creio que de Fernando Borel. Eu tinha 9 anos e curioso é que cantei em espanhol. Desde aquela época que comecei a me familiarizar com as músicas de Gardel e com os tangos e, hoje em dia sempre penso em gravar um disco de tangos. * VC – Admira alguém mais além de Gardel? "RC" – Existem muitos cantores intérpretes de tango que são maravilhosos. Admiro muitos, como Astor Piazzolla. Ele tem uma forma muito especial de tocar o tango, tem uma arte especial. * VC – Vou lhe passar algumas perguntas do público: Por que vem tão pouco ao México? "RC" – Eu gostaria de vir toda semana. Gostaria, realmente. O México é, para mim, um país muito especial, principalmente pelas pessoas, porque eu vejo, sempre, um país pelas pessoas, e os mexicanos me encantam muito. Nos damos muito bem. * VC – Qual o significado dessa pena no seu cabelo? "RC" – É uma pena de águia. Eu sou louco pelas águias. Uma vez tentei levar uma Águia Imperial daqui do México, porém não deixaram. E eles tinham razão, porque é uma espécie em extinção, e não podiam deixar sair do seu habitat. Ainda que eu fosse cuidar dela com muito carinho, isso tem que ser tratado dessa forma. * VC – Quando se apresenta no México? E onde? "RC" – Bem, quando não sei e, onde muito menos... Porém, acredito que no próximo ano eu venha me apresentar no México. * VC – Quantos LPs já gravou? "RC" – Uns 30 ou 31, acredito. Comecei muito cedo. Gravei meu primeiro LP com 16 anos... Mentira! * VC – Por que gosta tanto da cor branca? "RC" – Eu gosto do branco e do azul. Uso mais o azul do que o branco. Mas gosto de todas as cores, apesar de não usá-las todas. Estou falando de roupa. Mas gosto muito do branco e do azul. * VC – Essa preferência tem alguma razão especial? "RC" – Apenas uma identificação. * VC – Existem cores com que não se identifica? "RC" – Eu nunca visto algo marrom ou lilás. Não me identifico. * VC – É verdade que quando está apaixonado fica mais inspirado para compor? "RC" – Bom, eu sempre me inspiro para fazer as canções em coisas que vivo, em coisas que imagino, coisas que podem estar acontecendo a alguém ou comigo mesmo. Não é só quando estamos apaixonados, mas também quando estamos tristes. Uma pessoa que está apaixonada se sente muito inspirada para fazer canções. Mas quem está triste também faz muitas canções. Eu caio nessa pergunta, porque quem está triste e faz muitas canções porque está triste, enquanto às vezes quem está apaixonado não é correspondido. * VC – E o sofrimento do amor? "RC" – Coisas da vida... * VC – Você gosta de elogios sensuais das fãs ou fica sem graça? "RC" – Eu gosto. Gosto de ouvir certas coisas, que para mim são palavras de carinho, de amor. * VC – Alguém escreveu dizendo que: “Você é como os bons vinhos, quanto mais o tempo passa melhor”. "RC" – No entanto eu sou um vinho jovem! * VC – Outra pessoa diz: “Encantam-me as letras de suas canções e, ainda que não acredite, não durmo por estar pensando em você, agora”. Outra pessoa: “É uma tarde de chuva e romanticamente me pergunto se alguém como você poderia estar ao meu lado.” "RC" – Sou muito otimista e sempre digo que sim. * VC – É do tipo fácil? "RC" – Estou falando de otimismo; é diferente. * VC – Vamos falar do seu novo disco. É a primeira vez que vem com título? "RC" – “Sonrie” é o título, mas não é a primeira vez que coloco um título no disco. Fazia muito tempo que não colocava, é verdade. Foi uma ideia do Roberto Livi. Ele disse: “Por que não colocamos um título nesse LP?” Eu já pensava em colocar, porém, quando ele sugeriu achei muito bom porque foi ele quem sugeriu que o disco se chamasse “Sonrie”, música do Chaplin. * VC – E vemos na capa um Roberto Carlos menos sério! "RC" – Menos sério? Mas eu sou assim, não sou tão sério; sempre sorrio. É verdade. * VC – Sorri em muitas canções mas as desse disco têm a ver com o título? "RC" – Este disco há muitos tipos de canções: tristes, alegres, há a mensagem como sempre gosto de fazer. * VC – E por que nove temas? "RC" – Eu pretendia colocar dez músicas mas uma das músicas ainda não estava como eu gostaria, e o disco já estava bastante atrasado, não daria para gastar mais tempo com essa música. Quem sabe no próximo disco eu coloque onze músicas? A verdade é que não é a primeira vez que faço um disco com nove canções. O que tem “Símbolo sexual”, de 1985, veio com dez músicas mas, na verdade, o anterior é que devia ter saído com essa música. Eu ia gravá-la no disco de 84, mas não ficou pronta, e então, preferi lançá-lo com nove músicas. Refiz a letra de “Símbolo sexual” e a gravei no disco seguinte. * VC – A verdade é que você é uma escola para muitos cantores, com perdão a eles. Você grava um disco e ele é todo bom, os outros gravam oito canções e só a metade, ou mesmo só uma, é boa. Você, grava nove, as nove são boas. Quem produziu este disco? "RC" – Roberto Livi e Mauro Motta. Sobre a canção que dá título ao disco, quero dizer que Roberto Livi fez uma letra, em espanhol, muito bonita. * VC – Para você, sorrir é importante? "RC" – Importantíssimo, para todos. Ainda que, às vezes, algo esteja nos doendo bastante lá dentro, o sorriso e sempre importante. Ele torna as coisas melhores. * VC – Comentemos sobre esse disco. "RC" – “Se diverte e já não pensa em mim”: a letra já diz tudo, não há como dizer outra coisa, já está tudo dito. Há sorrisos, mas é uma canção tristinha, um pouquinho triste. Outra canção do disco é “Águia dourada”, uma boa canção. Como já disse, adoro as águias. * VC – De qual das músicas você gosta mais desse disco? "RC" – Gosto muito de “Se você me esqueceu” que é a canção principal do disco. Gosto também de “Se diverte e já não pensa em mim”, que incluí no disco em português e que foi muito bem no Brasil, graças a Deus. * VC – Alguma dessas canções teve vivências suas? "RC" – “Se diverte e já não pensa em mim” tem um pouco. “Se você disser que não me ama”, também. Não somente as imaginei mas têm vivências. * VC – Alguém que o tenha ferido, neste momento, para você fazer esse tipo de canções? "RC" – Não exatamente neste disco mas me senti muito bem com as canções do Mauro Motta e Roberto Livi. Penso que disseram coisas que eu gostaria de dizer numa canção minha. * VC – Como o que? "RC" – Como que disseram as canções... * VC – Alguns recados para você, Roberto: “Só duas canções falam de amor e são inspiradas em você; por isso você é um amor”. E também: “Roberto, sua música complementa a vida dos apaixonados”. Uma canção poderia sair de tudo isso que estão lhe dizendo? "RC" – Sim, claro, muitas canções. As canções podem sair de muitas coisas. Às vezes, frases assim são guardadas e, depois, fazemos canções. * VC – Qual o seu artista preferido, aquele que você escuta com freqüência? "RC" – São muitos. Eu gosto de todo tipo de música e, então, não tenho uma preferência muito particular por determinado artista. Ouço sempre todos os artistas e, sempre, um ou outro está fazendo coisas de que gosto muito, mas é muito difícil dizer qual o meu preferido. * VC – Roberto Carlos é o ser verdadeiro nome? "RC" – Sim, é o meu verdadeiro nome: Roberto Carlos Braga. * VC – Que esporte pratica para ter este físico tão bom? "RC" – Eu faço uma ginástica, faço um pouco de musculação. * VC – Gosta de algum esporte especial? "RC" – Gosto dos esportes em geral, mas não tenho tempo de praticá-los. Então, proponho-me fazer uma ginastiquinha em casa. * VC – Como bom brasileiro, é certo que gosta de futebol! "RC" – Sim, claro, gosto muito. * VC – Já que por questões de trabalho conhece muitos países, qual no futuro escolheria para viver? "RC" – Na realidade nunca pensei em viver fora do Brasil. Mesmo que atualmente esteja vivendo muito tempo fora do meu país e de me sentir muito bem em muitos países por onde ando, na realidade nunca pensei em viver fora do Brasil. * VC – Você acha que, colocando um pouquinho de cada um deles e assim armando um novo país, conseguiríamos formar um bom país? "RC" – Com um pouquinho de cada, sim. Mas é difícil... É como se eu lhe perguntasse agora que país escolheria para viver. * VC – Na verdade eu ficaria no México mas acho que seria bom ser armássemos um país novo. Eu queria saber o que sentiu ao ver todos aqui vestidos de branco. "RC" – É um carinho muito grande, uma coisa de amor, sempre uma demonstração de amor. * VC – Como você se considera como pessoa? "RC" – Eu? Uma pessoa normal. Sinto-me muito integrado neste mundo, uma pessoa normal. Como cantor, sinto-me um homem que gosta de cantar; como compositor, sinto-me um homem que gosta de compor de dizer coisas através das canções. Assim me sinto. Vejo-me de uma forma normal, muito natural. * VC – O eu mais lhe desagrada na vida? "RC" – Algumas coisas do mundo de hoje me desagradam muito: a agressão à natureza, o problema da Amazônia, por exemplo. Isso me preocupa muito. As guerras que ainda existem no mundo. Sobre a ecologia, inclusive, falei algumas vezes nas canções que faço com meu amigo Erasmo Carlos. Agora estou gravando um disco em português e estou novamente falando dos problemas ecológicos. Há no meu novo disco uma canção chamada “Amazônia” que no próximo ano lançarei em espanhol. Esses problemas me machucam muito. * VC – Você sempre faz músicas-mensagens, falando do amor, da paz, de Deus, da ecologia. Acredita que a música seja uma forma mais eficiente de enviar uma mensagem? "RC" – Penso que é uma forma bastante expressiva de dizer as coisas, e faço com amor, Gosto de fazer e não faço por obrigação. É uma música que gosto de fazer em todos os meus discos. É um compromisso comigo mesmo. * VC – Fala muito de Deus em seus discos. É muito apegado a Ele? Reza quando vai trabalhar? "RC" – Sim, sempre oro antes de entrar em cena. Me concentro e oro. Para mim Deus é muito importante. Cristo é muito importante na minha vida e eu gosto de falar disso sempre. * VC – Você é um agraciado por Deus. Não negue... "RC" – Não sei dizer isso. Estou muito agradecido a Deus por todas as coisas que Ele me deu. Em minhas orações sempre agradeço muito; não somente peço mas agradeço muito. Tenho muito a agradecer, e agradeço. Agradeço a Deus por tudo o que me acontece. E gostaria de falar muito mais de Deus. Mas nas oportunidades que tenho sempre falo. * VC – Qual tipo de mulher que você gosta? "RC" – Depende de como vejo a mulher, do momento em que a vejo e do que sinto por ela. É muito difícil dizer de que tipo de mulher gostamos. Na verdade, a mulher ideal é a que amamos. Muitas vezes ela não tem exatamente o tipo físico que achamos o ideal. O importante é que a amamos e, de repente, aquele tipo físico que ela tem passa a ser o tipo que gostamos. * VC – É verdade que gravou um vídeo-clipe com Vicente Fernandez? "RC" – Sim. Foi uma ideia do Marcos Mayara, de Vicente Fernandez e da CBS e que eu aceitei imediatamente, com muito entusiasmo. * VC – Aquele ritmo meio rancheiro... Já havia pensado em gravar algo assim? "RC" – Não havia pensado mas gostei muito. Na verdade, tudo o que se relaciona com o povo, com gente, com as pessoas, com o sentimento, com a sensibilidade me interessa. * VC – Como foi gravar com Vicente Fernandez? Ele lhe mostrou seus cavalos? "RC" – Para mim foi uma oportunidade maravilhosa, lindíssima. Vicente é uma pessoa muito especial, um homem muito sensível. Nos demos muito bem. Mostrou-me os cavalos também. * VC – Quanto tempo você leva para fazer uma canção? Há as que saem fácil ou todas levam o mesmo tempo? "RC" – Não é comum. Em geral levo dez, quinze dias, às vezes mais para fazer uma canção. Porque às vezes vem a inspiração com a ideia da letra, com o tema e a melodia. Mas depois trabalho para buscar mais do que a inspiração. Deve-se pensar, ver o que mais se pode dizer sobre o tema. Normalmente demoro muito para compor minhas canções. * VC – Você já compôs alguma canção em algum lugar raro, num avião, por exemplo? "RC" – No avião não, porque às vezes o vôo é rápido. Em algum lugar estranho? Não sei... * VC – No banho, por exemplo... "RC" – Posso até começá-la no banho mas não quer dizer que a faça toda no banho. Talvez canções alegres? Sim, às vezes, é possível. Agora, canções românticas e tristes...Não é muito comum. * VC – E os rompimentos, os que nos deixam caídos por um tempo... Já fez muitas canções sobre eles, canções tristes? "RC" – Já fiz muitas. * VC – Sobre essas que nos deixam destroçados? "RC" – Destroçados? Sim por um momento, Porque estamos sempre tratando de superar os problemas, de enfrentá-los para podermos seguir adiante. Em meu show digo que nós, compositores, temos uma particularidade curiosa: as pessoas, em geral, quando têm problemas, tratam de esquecer, de superar. Nós, compositores, quando temos problemas, escrevemos uma canção. Superamos o problema, os anos se passam, queremos esquecer e temos que ouvir na canção tudo aquilo que sentimos em um passado que não é mais presente. * VC – Então volta a viver esse sofrimento quando canta? "RC" – Às vezes. Bom, depende do que sentimos naquele momento, dependendo, também, do tempo. Depois de muito tempo sentimos de forma diferente, já que não sofremos exatamente a mesma coisa ou da mesma forma. Mas um sofrimento sempre existe. Mas, digo, também, que ouvir essa canção é uma coisa, porém, ter que cantá-la é diferente. * VC – Depois de tantos discos e tantas canções você não se confunde com tudo isso? "RC" – Sim. A verdade é que canto aqui em espanhol, volto para o Brasil e canto em português e, de repente, vou para outro país e volto a cantar em espanhol. Isso acaba causando uma grande confusão na minha cabeça. * VC – Quando termina um disco já está preparando o seguinte; isso em todos os idiomas? "RC" – Não é bem assim. Esse disco, por exemplo, o gravei em português e, depois, o gravei em espanhol com quatro canções novas que não estão no disco em português. Então, agora, a coisa está mais confusa ainda. Porque gravo um disco em português, e desse disco gravo seis canções traduzidas para o espanhol e quatro novas em espanhol. De repente, essas quatro novas em espanhol são traduzidas para o próximo disco em português. Tudo é possível. As coisas não podem ser tão programadas. Isso confunde um pouco, principalmente essa questão de idioma. * VC – Pois cante no idioma que quiser, já que sempre nos encanta. Temos muito pedidos para que cante muitas músicas mas a verdade é que sabemos que viaja cedo para trabalhar. "RC" – Sim. Volto para Los Angeles. Estou gravando o disco, estamos em ritmo acelerado. * VC – É uma carga horária de trabalho muito violenta? E as freqüentes viagens, não te cansam muito? "RC" – Não, as viagens não me cansam. Às vezes sinto um pouquinho de cansaço mental. Gravar um disco é uma coisa muito delicada, que preocupa muito e gera um certo cansaço mental. Mas cansaço físico, não, porque dormimos um pouco e estamos pronto para recomeçar. * VC – O que é a fama para você? "RC" – A fama? É o resultado do meu trabalho, é o aplauso do público e, como lhe disse, o aplauso tem muitas formas. A fama está nesse carinho, nesse amor, nessa demonstração de amor e de carinho do público para comigo. Isso é a fama e eu tenho que agradecer a Deus, todos os dias, por isso, porque isso quer dizer que me entendem, me comunico com as pessoas e que elas me sentem e eu as sinto. Porque se digo algo para elas é porque sentem o que eu digo e, se me entendem, é porque me sentem. Então, isso tudo é um presente de Deus. * VC – O que costuma fazer quando não está trabalhando? "RC" – Trabalho! * VC – Na verdade, quero que saibam que Roberto Carlos nunca fez um programa que durasse mais de uma hora. Não é verdade? Você não gosta? "RC" – Não é assim... * VC – E dou-lhes outra notícia: Já está há mais de duas horas neste programa. "RC" – Não me diga! Ficaria muito mais, Verônica. Realmente, eu ficaria aqui horas e horas contigo e com todos os amigos que temos aqui, com todas essas pessoas maravilhosas, todas de branco. Eu ficaria todo o tempo, sim, porque é uma questão de amor, e para o amor não se marca tempo. Foi lindo e essas duas horas foram maravilhosas. Pensei que tivéssemos conversando por uns 40 minutos. * VC – Na verdade estamos muito agradecidos e contentes por você estar aqui. Sei que está trabalhando muito e que fez um pequeno intervalo em suas ocupações para vir ao programa, para estar com seu público. Estamos muito agradecidos, de verdade, por ter estado aqui no México. Muito obrigado! "RC" – Não há nada que agradecer. Eu é que tenho que agradecer a você por este espaço em seu programa e por todas essas coisas lindas que estou recebendo aqui, por parte do público e de você, que é uma pessoa tão amorosa. Muito obrigado! "justify"> |