ROBERTO CARLOS
Transcrição: Carlos Eduardo F.Bittencourt para o
Grupo Um Milhão de Amigos

1985




As entrevistas de Roberto Carlos são sempre momentos esperados
não só pela imprensa mas também pelos fãs.
É ali que Roberto Carlos tem apresentado o seu novo CD
e falado não só do disco mas também de sua vida, e do que pensa sobre vários temas.
Eventualmente Roberto Carlos concede alguma entrevista especial para alguma emissora de rádio
mas isso, hoje em dia, é bastante raro acontecer.
Em1985, durante sua temporada “Coração” em São Paulo, ele falou à Rádio Jovem Pan.

* Roberto, como está o seu show? É uma retrospectiva da sua carreira?
"RC" – Estou muito contente com o resultado desse show, como a sua forma, apesar dos probleminhas que tivemos. Foi necessário transferir a estreia, mas tudo dentro da maior calma. O público tem entendido bem, e estou muito contente com tudo.

* Como é o show? É da mesma linha dos anteriores?
"RC" – A linha é mais ou menos a mesma, só que nesse show nós temos uma iluminação bastante diferente da que tenho usado nos anteriores. É uma iluminação baseada em fumaça, não aquela fumaceira toda, mas aquela bruma no palco que dá mais intensidade na iluminação. Tem mais música que os anteriores, falo os textos, mas bem menos do que nos outros. Tem músicas do novo LP, como “Eu e ela”, “Caminhoneiro” e também, duas ideias do Miéle, diretor do show, “Chega de mágoa” e “We ar the world”, cujo resultado me deixou muito contente.

* E a banda, Roberto?
"RC" – Como sempre, o maestro é o Eduardo Lages, que já está há bastante tempo comigo, de forma brilhante. Tem as cordas, os metais, o coro e o RC-9, que agora são 10.

* Por que há algum tempo você tem limitado o número de seus shows no Brasil?
"RC" – Na verdade não venho reduzindo o número de shows por aqui. Eu continuo trabalhando mais no Brasil do que lá fora, e isso inclusive tem sido o comentário dos empresários lá fora, que falam que só quero trabalhar no Brasil. Não é bem assim, apesar de realmente gostar mais de cantar aqui. Mas ultimamente tenho me preocupado um pouco mais com minha carreira no Exterior e dado um pouco mais de atenção aos países que fico muito tempo sem ir. É por isso que venho fazendo um pouco menos de shows no Brasil. Mas isso não é proposital; é só para dar um pouco mais de atenção ao Exterior.

* Desde quando você grava seus discos nos Estados Unidos?
"RC" – Acho que o primeiro foi em 1971. Ultimamente tenho gravado menos lá fora e estou gravando mais aqui mesmo. No ano retrasado gravei cinquenta por cento do disco no Brasil. Esse ano gravei cerca de sessenta por cento aqui. Acho que isso é progressivo.

* Quando você canta nos Estados Unidos o seu público é de norte-americanos?
"RC" – Não, o público que tenho lá é formado por latinos que moram nos Estados Unidos. São mexicanos, costa riquenhos, cubanos e de outras nacionalidades. Logicamente também há muitos americanos na platéia, mas basicamente o público é formado por latinos.

* Como você observa o aspecto erótico de suas músicas mais recentes?
"RC" – Eu procuro sempre usar esse tema erótico com muito cuidado e cantar um erotismo cheio de amor. A primeira música que fiz nessa linha foi “Proposta”, porque já pintava aquele lance de “depois do amor, ao amanhecer...” Então o amor na canção já foi colocado com outro sentido. E depois veio “Seu corpo” e “Cavalgada”. Realmente eu gosto muito desse tema, mas sempre tomo muito cuidado ao falar de erotismo, sempre com muito amor. Esse é o cuidado que faço questão de expor quando estou fazendo esse tipo de música com o Erasmo.

* Para você o amor é uma coisa que pode ser definida?
"RC" – O amor pode ser definido de várias formas. Quando perguntam o que é o amor, a pessoa pode responder de muitas formas. Há muitas maneiras de definir o amor, até à moda antiga, mas o essencial é saber que amar é importante, não importa qual seja a definição que cada um tenha. O importante é que realmente o amor existe e que cada vez mais as pessoas se amem.

* No seu processo de criação com o Erasmo existe músicas feitas ó por um e assinada pelos dois?
"RC" – Existem músicas feitas quase que inteiramente por um de nós, mas nunca ela é totalmente de um ou de outro. Tem sempre alguma modificação, uma vírgula, uma palavra a mais do outro. Toda música minha e do Erasmo tem algo dos dois, nem que seja uma mínima coisa, mas sempre tem alguma coisa de ambos.

* Como os outros compositores devem fazer para mandar uma música para você gravar?
"RC" – É só gravar uma fita e mandar que eu escuto tudo. Vou ouvir com o maior carinho e a maior atenção. É o que eu faço normalmente. Às vezes uma música chega meio diferente, mas faço questão de ouvir para saber onde o compositor quis chegar com aquela mensagem.

* Você já chegou a gravar uma música de uma pessoa completamente desconhecida? "RC" – Já. Isso aconteceu no início da minha carreira com a Helena dos Santos. Ela me procurou numa rádio no Rio de Janeiro e me mostrou uma música no corredor. Gostei e gravei. É claro que depois acabamos nos conhecendo. Tem também várias outras pessoas, mas agora eu não me recordo.

* Já que estamos em São Paulo, como é a sua relação com a cidade?
"RC" – A melhor possível. Tenho muita intimidade com São Paulo. Ela tem uma importância enorme na minha vida particular e na minha carreira, por várias razões. Apesar de viver no Rio, eu adoro São Paulo. Não tomo partido de nenhuma das duas, gosto dessa ou daquela. Adoro o Rio como também adoro São Paulo.

* Para você, ir a um cinema ou teatro é problema?
"RC" – Dá um pouco de trabalho, mas quando estou com vontade eu vou. Teatro eu vou muito pouco e já tem tempo que não vejo uma peça de teatro. A última que fui ver foi “Alice”, que a Myrian fez. Agora, em relação a filmes, eu vejo mais em aviões do que em cinema. Pelo fato de viajar muito, sempre fico atualizado com os novos filmes nos aviões.

* Como o cidadão Roberto Carlos Braga encara o fato de ser uma das maiores unanimidades do país há mais de duas décadas?
"RC" – Não é uma barra pesada; muito pelo contrário. Dou graças a Deus por tudo isso estar acontecendo. Eu não sei explicar, mas agradeço a Deus a todos os instantes por isso.

* E as manias e superstições?
"RC" – Não são tantas assim, eu vou até aproveitar a entrevista para esclarecer certas coisas. Eu não uso marrom, mas quem quiser falar comigo pode vir com uma camisa marrom, não tem problema. As pessoas exageram em determinadas coisas. Eu nunca vou comprar um carro marrom, mas se nas outras cidades alugarem um carro marrom para eu andar, eu ando. O azul não é superstição, mas é uma cor de que gosto muito. Eu dou preferência ao azul e ao branco por gostar dessas cores.

* Você tem ídolos?
"RC" – Tenho, tive e continuo tendo, inclusive até hoje sou fiel aos meus ídolos. Paul Mc-Cartney, Erasmo Carlos, Tony Bennet, Tido Madi e muitos outros.

* O que você pensa dos festivais que a Globo voltou a realizar?
"RC" – O festival é muito bom para a música, o resultado é sempre benéfico, pois dá oportunidade aos novos cantores e compositores de mostrarem suas ideias e de as novas tendências aparecerem. Eu acho que o festival é sempre muito importante. Tem muita gente surgindo em festivais e tem muito estilo, muitas coisas que temos visto que só são mostradas em festivais.

* Você está me parecendo bem mais moço do que há cinco anos quando eu vi um show seu no Canecão...
"RC" – Muito obrigado, bicho, muito obrigado!

* O que você faz para conservar a forma?
"RC" – Uma ginatiquinha eu faço, mas não sou fanático. Não sou daquele cara que vive malhando. Não bebo chopp, mas gosto de um viozinho. Como massas, só não como carne. Eu não faço regime, mas faço certo controle de peso. A minha alimentação é baseada em mel, queijo e comida do mar. Não almoço. De dia como um sanduíche e depois janto.

* Como “Detalhes” pintou na sua vida?
"RC" – “Detalhes” pintou como a maioria das músicas. Estava de noite em casa, com o violão, e comecei a fazer. Logo veio na minha cabeça a frase “não adianta nem tentar me esquecer”, já com a melodia, que é quase toda igual, do começo ao fim da música. Quando surgiu o primeiro verso a melodia praticamente ficou definida. Naquela mesma noite eu tentei dar sequência à letra, mas não consegui. No dia seguinte liguei para o Erasmo, que morava no Rio, e pedi para ele vir para São Paulo, onde eu morava. Eu disse: “Meu irmão, vem para cá porque pintou um verso que a gente não pode deixar para depois”. Há determinadas canções que não podemos deixar para depois, quando pinta temos que trabalhar isso.

* Que tipo de música você ouve em casa?
"RC" – Depende do momento. Quando chego em casa e quero relaxar, eu gosto de ouvir algo suave, como Tony Bennett, Lionel Richard... Agora, também gosto de ouvir os sucessos da época, para saber o que está acontecendo no momento, ouvir com calma, aprender. Eu estou sempre disposto a me deixar influenciar, acho isso muito importante no compositor. A influência atualiza. O cara não pode ser fechado. Temos que nos deixar influenciar por coisas novas. Estou percebendo grandes novidades com os novos grupos de rock, como Os Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Vinícius Cantuária, Roupa Nova...

* Recentemente o Erasmo disse que o sucessor dele seria o Léo Jaime, e o seu sucessor, quem poderia ser?
"RC" – Não sei... Há tantos cantores românticos no Brasil, tem tanta gente... Olha, eu não penso muito nisso, não. Eu acho que estamos no mesmo barco, não tem essa de sucessor. Eu canto música romântica, como outros cantores novos e como os da antiga. Enfim, estamos todos juntos.

* Você costuma ler?
"RC" – Não, eu leio pouco. Acompanho as notícias, mas livro eu leio muito pouco. Eu não tenho tempo, e o tempo que teria para ler um livro estou com o violão na mão, porque preciso realmente estar com o violão ou no piano para compor.

* Qual foi a grande música que você fez para as mulheres?
"RC" – Quase todas, amigo. Quando não falei da mulher na minha música, de alguma forma falei da natureza, do amigo e, graças a Deus tenho falado bastante nas músicas de Cristo, da minha fé, da minha religiosidade. Eu gosto muito desse tema.

* A mulher brasileira tem mais espaço hoje em dia?
"RC" – Sem dúvida. É claro que houve um avanço, como tudo mudou. Evidentemente hoje a mentalidade é diferente, a realidade é outra. O homem também evoluiu muito. Eu acho que isso é uma consequência do próprio tempo. Cada vez mais a mulher vem avançando e lutando por seus direitos. Mas acho que tudo tem que ser com muito cuidado. Tem certas coisas na mulher que a gente gosta de ver, coisas que são fundamentais, como a feminilidade, a meiguice. Ela tem que ser a musa. A mulher tem que ter cuidado para não perder isso que o homem gosta. Ela pode reivindicar uma série de coisas, mas tem algo que a mulher não pode mudar em sua natureza. Há coisas que são fundamentais na mulher.

* Fale um pouco do programa que você tinha na Rádio Jovem Pan na época da Jovem Guarda.
"RC" – Era um programa pela manhã, às 10 horas, no horário nobre do rádio. Era fantástico, eu respondia às cartas dos ouvintes. Tenho grandes recordações do programa. Uma vez uma menina me escreveu e na carta dizia que só queria que eu dissesse no ar a frase “Cartucha, meu amor”. Eu nunca mais me esqueci disso.

* O que mais houve de marcante nessa época do programa de rádio?
"RC" – O que marcou foi o programa do Erasmo, que era super produzido, com muita criatividade, como tudo o que ele faz. No meu programa eu só lia cartas, não era tão incrementado. O programa do Erasmo era um grande sucesso.

* Você gosta de pintura?
"RC" – Eu gosto de todo tipo de arte. Não sou um “expert” em pintura mas gosto muito de quadros.

* Como está o mercado latino-americano para a sua música?
"RC" – O mercado está muito bom, graças a Deus. Não tenho muito que me queixar; só tenho é que agradecer. Recentemente lancei um disco em inglês, que foi melhor no Brasil do que lá fora. Não era esse o objetivo, mas também não posso dizer que o disco tenha ido mal nos Estados Unidos. Logicamente que ele não atingiu os índices de vendagem que esperávamos, mas foi um disco muito legal par mim e para a CBS. Deu para ter uma ideia do que pode ser feito no futuro no mercado americano. É claro que o meu forte lá fora é o público latino.

* Por que você não tem gravado Caetano Veloso e Djavan? Você deu uma parada com eles?
"RC" – Não, eles é que pararam comigo... Não me mandaram mais músicas, mas eu continuo pedindo.

* E o Guilherme Arantes? Toda vez que eu o encontro ele diz que está fazendo uma música para você gravar.
"RC" – Eu tenho muita vontade de gravar uma música do Guilherme. No ano passado estivemos juntos e ele me mostrou uma porção de músicas muito bonitas. Mas acontece que nem sempre o que ele faz combina com o meu estilo. Com certeza eu ainda vou gravar algo dele.

* Quais as recordações da sua infância em Cachoeiro?
"RC" – Tudo foi muito emocionante, porque foi o início. Uma das coisas maravilhosas que aconteceram comigo em Cachoeiro foi a primeira vez que cantei em rádio, com nove anos de idade. Foi num programa infantil. A gente ia lá e nem precisava se inscrever. Antes do programa aparecia na rádio e dava o nome, o título da música e começava a cantar acompanhado de um violonista. Lembro-me que fiquei nervosíssimo, nunca fiquei tão nervoso na minha vida. Foi quando pude comprovar a realidade da frase “as pernas tremem”. Eu pensava que isso fosse apenas uma força de expressão mas vi que não era assim. Eu queria que minhas pernas parassem de tremer para eu cantar mas não conseguia.

* Você tem algum problema com direito autoral?
RC – O direito autoral no Brasil melhorou bastante, mas tem muita coisa ainda a ser feita. Há cinco anos era um horror; hoje esse controle melhorou, mas ainda não é perfeito.

* Você acha que o artista tem que ter uma participação ativa na sociedade?
"RC" – Eu acho que o artista deve fazer tudo aquilo que ele tiver certeza de que é bom para o povo. Esse negócio de o artista participar de movimentos políticos e sociais eu acho válido, desde que ele faça com sinceridade e com responsabilidade. Isso é uma coisa muito perigosa, porque o artista, para se manifestar tem que ter absoluta certeza do que está dizendo, para não dar um passo errado. O povo escuta muito o que ele fala. Então tudo que ele diz tem sempre uma responsabilidade. Você não pode chegar e dizer para o seu púbico votar em determinado candidato se não tiver absoluto conhecimento e convivência com essa pessoa, conhecer seu caráter, sua capacidade, seu talento. O artista pode e deve ter uma participação, mas só depois de muita certeza. Às vezes ele pode recomendar um candidato errado para exercer um cargo importante no país, induzindo seu público a votar numa pessoa errada.

* O que você espera da Nova República?
"RC" – Eu espero muita coisa. Dias melhores, uma parada na inflação, que o problema da corrupção no país seja solucionado... Que haja um entendimento perfeito entre o povo e o governo, mas é preciso que o povo coopere. Eu estou confiante no brasileiro e acho que nesses últimos meses, com a campanha das diretas e do presidente Tancredo Neves, o povo amadureceu bastante. Tenho grande esperança e confio que iremos ter dias melhores.

* Como repercutiu o seu apoio à campanha das “Diretas já”?
"RC" – Veja bem, eu não entendo de política, mas a campanha pelas “Diretas já” não é uma questão política; é uma questão de lógica. Eu acho que o povo tem o direito de escolher quem vai governar o país. Aí não tem política. Quando respondi que era a favor da campanha, logo me perguntavam porque me manifestei, já que não gosto de política. Só que, como eu disse, isso é lógica, não é política.

* De que país você acha que poderíamos extrair alguma coisa boa para o Brasil se espelhar?
"RC" – O Brasil é um pais muito particular. O sentimento e o comportamento do brasileiro são muito particulares. É muito difícil dizer qual seria o país que teria um sistema de governo ideal para o Brasil. Dizem que a democracia mais perto da perfeição é a dos Estados Unidos, mas é preciso saber bem o que seria compatível com o nosso povo. É claro que a democracia é o sistema de governo mais lógico em todos os sentidos. Como estamos partindo para uma democracia, acho que as coisas irão se ajustando aos poucos e que teremos uma democracia maravilhosa.

* Houve problema político de censura com suas músicas. É verdade que “Café da manhã” teria como título “Motel” e você teve que trocar?
"RC" – Não, no início eu e o Erasmo chegamos a pensar em chamar a música de “Café na cama”, mas acabou ficando “Café da manhã”. Como a música foi um sucesso nos motéis surgiu essa história.

* Como pintou essa música?
"RC" – Essa canção não surgiu em nenhum motel, mas em casa. A letra é coisa da imaginação do compositor. A gente compõe muita coisa que nós vivemos, mas também há músicas que imaginamos ou que ouvimos falar do tema e que acabamos criando toda essas imagens para fazer a música.

* Como surgiu “Cavalgada”?
"RC" – Como “Café da manhã”, também não estava num cavalo quando surgiu a ideia... É brincadeira. Na época estava no Rio fazendo uma temporada no Canecão, tinha chegado do show, estava deitado na cama e não conseguia dormir. Aí surgiu a canção. Foi assim.

* Como é seu processo de criação?
"RC" – O processo de criação é muito variável, ele pinta de formas e maneiras diferentes. É preciso parar para compor, se concentrar. Quando fiz a primeira música logo quis fazer a segunda e depois a seguinte.

* Qual foi a sua primeira música?
"RC" – Lembro-me bem, só que não cheguei a gravar e nem tinha nome. Eu tinha dezoito anos mas me recordo dos primeiros versos: Perto de mim seu rosto / Perto de você minha boca / Perto de mim seus olhos / Perto chamais o amor. Na época eu morava no Lins e logo em seguida eu fiz “Susie”, que foi a primeira música minha que gravei.

* Tem alguma música do seu repertório que hoje você não gosta de ouvir ou de cantar?
"RC" – Não, porque todas as músicas que a gente grava recebem sempre um carinho especial, significa que naquela época ela me dizia alguma coisa. Mas é claro que há algumas de que gosto mais, como “Detalhes”, a minha preferida, e de um tempo para cá “Emoções”.

* Como surgiu a ideia de “Emoções”?
"RC" – Ela foi feita para ser cantada no palco. Eu tinha muita vontade de fazer um show com esse nome, e a ideia da música já estava na minha cabeça havia muito tempo. Três anos antes de fazer a música eu fiz uma temporada no Canecão e tinha pensado em colocar o nome do show de “Emoções” mas preferi colocar apenas “Roberto Carlos”, porque achava que teria que haver uma música com o tema. Consegui com o Erasmo falar na música dessa coisa de cantar no palco, estar com o público, dos aplausos. Enfim, falar dessa relação artista/público que tenho e pela qual agradeço a Deus a todo momento.

* Como surgiu a canção?
"RC" – Eu já estava gravando o disco daquele ano, nos Estados Unidos, quando tive que vir para o Brasil para uma rápida temporada de shows no Norte. Um dia estava em Belém, indo para o aeroporto para viajar para uma outra cidade, que não me lembro qual era. No carro surgiu a melodia, sem a letra. Fiquei com aquilo na cabeça e quando voltei para os Estados Unidos chamei o Erasmo. Logo percebi que aquela música poderia ser “Emoções”, e acabou surgindo o primeiro verso: “Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo”. Nós tivemos o cuidado de que a música não fosse somente identificada com o palco, por isso a frase ficou com um duplo sentido. O momento lindo de que a letra fala pode ser o encontro de um cara com uma mulher. No primeiro dia em que cantei essa música no Canecão, na estreia da temporada “Emoções”, foi uma coisa maravilhosa.

* Existe alguma música de outros compositores que você gostaria de ter feito?
"RC" – Tem, várias... “O que será”, do Chico Buarque, “Coração de estudante”, do Milton e Fernando Brant, além de outras.

* Como estão seus filhos?
"RC" – Graças a Deus, muito bem. Lucianinha está com 14 anos, uma gatona. Segundinho, com 16 anos, um tremendo surfista, um galã, muito bem nos estudos. Ana Paula também está muito bem, uma moça maravilhosa com 19 anos, sentimentos lindos. Enfim, sou apaixonado pelos meus filhos.

* Você é um pai coruja, do tipo de controlar o horário dos filhos?
"RC" – Um pouquinho, sem exagerar, porque o tempo é outro. Eu regulo de uma forma sutil, para não assustar e nem causar revolta, mas tomo conta, sim.

* Será que um deles segue a sua carreira?
"RC" – Até agora não percebi nada, não.

* Quais são as exigências quando você faz algum espetáculo, com o palco, com o camarim, com seguranças?
"RC" – Eu não digo que isso seja uma exigência, são detalhes importantes. Eu não exijo, eu peço, mas peço muito. Tudo que é importante para que um show saia perfeito tem que ser feito nos mínimos detalhes. Então me apego em todos os detalhes: luz, som, tamanho do palco, orquestra, texto. Quero sempre saber como o público vai ficar, a distância da primeira fila em relação à altura do palco... Nessas coisas eu sou muito metido.

* Além de ter uma equipe, você está sempre à frente das decisões, não é mesmo?
"RC" – Estou, muito. Sugiro muito, reclamo, cobro... Como reclamo! Também elogio porque tenho uma equipe muito boa. São pessoas capazes e que amam o que fazem. Quem trabalha com música é apaixonado pelo trabalho, e às vezes até me emociono com o empenho e a dedicação que eles têm.

* Agradecemos muito a sua entrevista. Saiba que tudo foi um detalhe muito importante para o ouvinte e para nós...
"RC" – Obrigado a vocês, a todos os ouvintes, a todos os que gostam de mim. Estou muito emocionado. A todos, muito obrigado, um grande abraço, com muito carinho e com muito amor. Que Deus abençoe a todos.

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