SÉRGIO REIS
entrevista concedida a Carlos Eduardo F.Bittencourt para o
Grupo Um Milhão de Amigos

06.11.2001




Nosso entrevistado é Sérgio Reis, o cantor sertanejo que começou sua carreira na Jovem Guarda.
Quem viveu aquelas maravilhosas “jovens tardes de domingo”
com certeza se lembra do sucesso que ele fez com seu “Coração de papel”.
Sérgio Reis, ou Serginho, como Roberto Carlos o chama,
está lançando o CD “Nossas Canções”
com repertório escolhido entre os grandes sucessos gravados pelo Rei.
Com uma simpatia rara e cativante,
Sérgio Reis nos falou de sua carreira, da Jovem Guarda, do novo disco e, claro, de Roberto Carlos.

* Sérgio, qual a influência musical mais acentuada no início de sua carreira?
"SR" – O meu gosto pela música veio da minha infância. Eu nasci em 23 de junho de 1940, véspera do dia de São João, e todos os meus aniversários eram comemorados com grandes festas, quase sempre festas juninas, com muita música. A minha família é muito musical, o meu avô tocava sanfona, meu tio tocava violino e meu pai tocava violão e também tinha um conjunto de seresta. Quando era criança eu ouvia os grandes cantores da época: Ataulfo Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo e Nélson Gonçalves. Com dez anos de idade comecei a gostar da música sertaneja ouvindo Tonico & Tinoco e nessa época ganhei do meu pai uma viola. Como ele não sabia afinar a viola, ele a afinava como violão.

* Quando você decidiu ser cantor?
"SR" – Como quase todo mundo eu comecei a cantar em programas de calouros. Cantei muito nas noites paulistas, com Cláudia Barroso, Tuca, com o Toquinho que estava começando a aprender violão com o Paulinho Nogueira e tocava comigo. Em 1958, com 18 anos de idade, eu gravei o meu primeiro disco, um 78 rotações, na gravadora Chantecler. Depois desse disco, fiquei algum tempo sem gravar, mas vários cantores gravaram músicas minhas, como o Tony Campello, Marcos Roberto, Deno & Dino, Wanderley Cardoso, Golden Boys e Jerry Adriani. Nessa época eu acompanhava de perto a carreira do Roberto Carlos, mas só o conheci quando ele apresentava o programa “Jovem Guarda”. Ele estava sempre acompanhado da Edi Silva, divulgadora da CBS, que foi o responsável por todo o sucesso do início da carreira do Roberto Carlos. Posso até afirmar que foi ela quem fez a carreira dele, pois seus empresários, inclusive o Marcos Lázaro, quando começaram a trabalhar com o Roberto ele já era famoso. A Edi foi muito mais do que sua secretária e divulgadora, ela cuidava mesmo do Roberto. Eu me lembro que ele ficava no apartamento da Edi, em São Paulo, esquina da Avenida São João com Duque de Caxias. Ela cozinhava para ele, lavava suas roupas, brigou e lutou muito pela carreira dele.

* Como era a amizade entre vocês?
"SR" – A nossa convivência era maravilhosa, frequentávamos muito a boate Carven, em São Paulo, na Rua da Consolação, onde os artistas se encontravam. Os encontros eram sempre aos domingos depois do “Jovem Guarda”. Naquele tempo já era difícil conviver com o Roberto Carlos porque ele trabalhava muito, às vezes chegava a fazer até três shows por dia. Mas o pessoal da Jovem Guarda era muito unido e sempre que havia uma folga nós nos encontrávamos.

* Vocês chegaram a fazer shows juntos, o que era comum entre os artistas nos anos 60?
"SR" – Fizemos alguns. Eu me lembro de um em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, num estádio de futebol. Éramos cerca de dez artistas da Jovem Guarda que excursionavam. Cada um cantava três ou quatro músicas e era sempre o Roberto quem encerrava o show. Lá em Caxias do Sul, no Hotel Everest, onde nós ficávamos hospedados, as meninas gritaram a noite inteira por ele, e ninguém conseguiu dormir.

* Havia muita convivência entre vocês?
"SR" – Bem mais que agora. Como falei, sempre nos encontrávamos aos domingos na boate Carven, fazíamos shows juntos, o que não acontece hoje em dia. Confesso que sinto falta de conversar com o Roberto, gosto muito dele, eu o acho uma pessoa muito boa. Nunca vi Roberto tratar mal alguém, ele é sempre muito carinhoso, até hoje me chama de Serginho. É gostoso conviver com ele, que é um artista e um homem educado.

* Vamos falar de “Coração de papel”, o grande sucesso de sua carreira?
"SR" – Depois do meu primeiro disco, em 1958, eu fiquei muito tempo sem gravar, até que por volta de 64 mostrei umas músicas para o Tony Campello, ele gostou e me apresentou ao pessoal da Odeon para que eu fizesse um teste. Eu gravei quatro músicas, entre elas “Coração de papel”, acompanhado do Jet Black’s, um conjunto que fazia muito sucesso, e mostrei ao diretor-artístico da Odeon. Ele gostou e resolveu lançar “Coração de papel”. O resultado foi o melhor possível porque ela ainda é um sucesso nacional e até hoje tenho que cantar nos shows. No ano passado, quando gravei o CD “Sérgio Reis e Convidados”, convidei o Reginaldo Rossi para regravar “Coração de papel” comigo. Com esse disco eu ganhei o primeiro prêmio Grammy latino de melhor álbum sertanejo. Mas eu não tinha ideia que essa música fosse fazer tanto sucesso. Nunca se sabe o que será sucesso; isso depende de uma série de fatores.

* Além de “Coração de papel”, houve outra música que você tenha gravado na época da Jovem Guarda e que também tenha sido um grande sucesso?
"SR" – A minha primeira composição, “Nuvem branquinha”, e “Fim de sonho” também fizeram sucesso. Mas depois que gravei “Coração de papel”, estive uns três anos fora da mídia, o que coincidiu com o fim do programa “Jovem Guarda”. Cada um tomou seu rumo, e só retornei as paradas em 1972, com “Menino da gaita”, uma versão que fiz. Um dia fui cantar num baile de debutantes em Tupaciguara e antes de me apresentar a orquestra que estava tocando no baile começou a tocar uma música que começava a fazer sucesso, “Menino da porteira”. Fiquei impressionado com a aceitação das pessoas, nunca tinha visto nada igual em relação a uma música. Telefonei para o Tony Campelo, conversei com ele sobre o que aconteceu, e ele me aconselhou a colocar “Menino da porteira” no repertório dos shows que ia fazer em Goiás e no Triângulo Mineiro para ver a repercussão. Em todos os shows foi uma loucura, tinha que cantá-la duas ou três vezes em cada show. Aí resolvi gravá-la e para minha surpresa a minha gravação estourou no Brasil todo. Foi então que começou a minha carreira como cantor sertanejo.

* É verdade que muita gente quis gravar “Coração de papel” antes de você?
"SR" – É verdade. Antes de gravar “Coração de papel” eu resolvi mostrá-la para o Jerry Adriani e para o Wanderley Cardoso. Eles gostaram muito e queriam gravar. Então eu resolvi gravar ao invés de dá-la para outros cantores, e acho que fiz certo.

* Quais são as suas lembranças da Jovem Guarda?
"SR" – Era muito emocionante, uma grande loucura. Só quem viveu aquilo é que tem ideia. Roberto era o grande líder de toda aquela festa. No Brasil só dois artistas conseguiram reunir em torno de si uma multidão de fãs, o Orlando Silve, conhecido como “cantor das multidões”, e o Roberto Carlos. De algum tempo para cá passaram a se referir ao Leonardo como “cantor das multidões” também, devido ao seu enorme sucesso e à sua garra depois da perda do irmão e parceiro. Sem dúvida muitas pessoas passaram a admirá-lo muito pela sua força e determinação para seguir em frente apesar de tamanho sofrimento. Roberto Carlos é o “Rei”. Mas voltando ao “Jovem Guarda”, fazer um programa como aquele era muita responsabilidade, uma loucura muito grande, uma histeria entre as pessoas. O Roberto tinha um carro só para ele nos dias do programa e quando deixava o Teatro Record o carro era amassado pelas fãs. Havia um forte esquema de segurança para o Roberto sair da emissora, tinham que cercar o carro para que as garotas não o invadissem.

* Também havia muita tietagem em relação a vocês?
"SR" – Muita, sempre sobrava para todo mundo, porque a gente também fazia sucesso. É claro que os grandes nomes da Jovem Guarda eram Roberto, Erasmo e Wanderléa, mas nós também tínhamos os nossos fãs, também vendíamos muitos discos e levávamos muita gente aos nossos shows. “Coração de papel” ficou muito tempo em primeiro lugar nas paradas de sucesso, mas é claro que os discos do Roberto Carlos sempre foram os mais vendidos. Ainda hoje é assim, todos os anos ele lança um disco, os seus fãs compram sem se importar com o que ele gravou. Eles vão às lojas, compram e vão ouvir em casa independente do repertório. Isso já é próprio do público do Roberto, fãs sempre fiéis a ele.

* Apesar de ser um dos maiores cantores sertanejos do país, as pessoas ainda o identificam como o Sérgio Reis da Jovem Guarda?
"SR" – Não. Daquela época a única coisa que ficou foi “Coração de papel”. Hoje sou conhecido mesmo é como cantor sertanejo, já que esse tipo de música e o timbre da minha voz formam um casamento perfeito. Mas eu gosto de mostrar que também sou romântico, que existe uma maneira de cantar músicas sertanejas de forma romântica, como estou fazendo nesse disco “Nossas Canções”, que estou lançando.

* Dentro do projeto do disco sertanejo que Roberto Carlos gravou e ainda não lançou está “Coração de papel”. Você sabia?
"SR" – Eu ouvi falar. Quando soube desse projeto sertanejo do Roberto Carlos eu liguei para a Carminha, sua secretária, e disse que se ele quisesse eu mandaria minha coleção de discos, porque ninguém gravou mais música sertaneja do que eu, que lancei quarenta e dois discos. Hoje há uma distorção da mídia sobre o que é sertanejo. O que alguns cantores e duplas que se dizem sertanejos cantam não é sertanejo, mas sim rock-pop, e eu tinha uma preocupação muito grande com o repertório do disco do Roberto Carlos. Sertanejo para mim é Chico Mineiro, Tião Carrero, Tonico & Tinoco, moda de viola. Com todo o respeito, se ele gravou “Coração de papel” e músicas de Zezé di Camargo & Luciano então não é um disco que se possa rotular de realmente sertanejo. Ele tem que tomar cuidado, mas quem sou eu para dar palpite nos discos do Roberto Carlos? Eu não sei que repertório ele gravou, mas existem músicas sertanejas com o estilo bem característico do Roberto Carlos, bem românticas. Sertanejo é uma coisa e pop-romântico é outra. Mas se ele gravou “Coração de papel” para mim é maravilhoso, pois ele vende muito, vou ganhar “uns troco” e vou ficar feliz, honrado, afinal é o Rei quem vai cantar a minha música.

* Mas já te falaram que “Coração de papel” está no disco?
"SR" – Não, ninguém me falou. Aliás, hoje mesmo eu li na coluna da Sônia Abrão que o Roberto já está com esse disco preparado e que será lançado no ano que vem, mas eu não sei de mais nada a respeito.

* Como você explica todo esse sucesso do Roberto Carlos até hoje?
"SR" – Ninguém faz mais sucesso nesse país do que o Roberto Carlos. É claro que ele levou vantagem sobre o Orlando Silva porque pegou a época da televisão. O Roberto é uma personalidade, o primeiro artista do Brasil, o nosso Rei, mas não tem jeito. Há uns dois anos eu levei o meu filho para ver um show do Roberto e ele ficou impressionado; ele não tinha ideia da loucura que é um show de Roberto Carlos. Mesmo com tantos anos de sucesso, ele ainda consegue ser esse fenômeno da nossa música. Ele é super-carismático, é um baita cantor, canta gostoso, tem um excelente repertório, e os fãs do Roberto o cultuam até hoje, as pessoas que eram jovens na época da Jovem Guarda ainda vão aos seus shows e hoje levam seus filhos e netos. Ele fez parte da vida de uma geração que ainda o idolatra porque ele fez a história de uma juventude. Isso passa de pai para filho.

* Fale um pouco do disco “Nossas Canções”, que você está lançando com repertório do Roberto Carlos.
"SR" – A ideia foi da Som Livre e quando surgiu esse projeto eu fiquei muito feliz porque acompanhei todo o sucesso do Roberto Carlos, sou da mesma época dele, então foi um disco que fiz para o meu acervo. É também uma oportunidade das pessoas me conhecerem cantando um repertório romântico, mostrar que cantor sertanejo também sabe cantar música romântica. O disco está gostoso de ouvir, e o repertório é muito bonito porque o Roberto sempre teve um bom gosto em tudo o que grava. Também é uma homenagem que faço a ele.

* Por que essa opção de não incluir composições do Roberto e do Erasmo?
"SR" – Porque não deu tempo. Eu gostaria de colocar alguma música dos dois, até mesmo pela nossa amizade. Tinha muita vontade de gravar “Detalhes”, mas tive muito pouco tempo entre fazer a seleção musical e entrar no estúdio. Como não houve tempo para conversarmos, optei pelas canções de outros compositores gravadas por ele. Tudo o que o Roberto canta é bom por isso tive dificuldade para escolher as músicas. Imagina de um universo de cento e quarenta músicas, escolher apenas quatorze. Foi realmente muito difícil.

* Você já tinha pensado em gravar um disco desse tipo?
"SR" – Não, em cantar só Roberto Carlos, não. No ano passado, no disco “Sérgio Reis e Convidados”, eu gravei “Todas as manhãs” com o Zezé di Camargo & Luciano. Foi uma sugestão do Luciano e eu gostei muito pois ficou algo muito diferente no disco.

* Sabe se Roberto Carlos já ouviu o seu disco?
"SR" – Não sei, mas o Dudu já ouviu. Recentemente eu participei do programa dele, e o Dudu até brincou perguntando que história é essa de eu gravarum disco com o repertório do seu pai. Eu disse que resolvi gravar um disco de cara bom, com bom repertório, ou será que ele achava que eu iria gravar um disco de um repertório ruim? Foi gostoso fazer o programa do Dudu.

* O fato de não ter conseguido gravar composições do Roberto e Erasmo prejudicou um pouco o projeto?
"SR" – Não, e nem fiquei aborrecido com isso. O Roberto Carlos estava terminando o seu CD, havia urgência no meu projeto. Não podíamos ficar esperando. Eu cheguei a pedir para gravar “Detalhes”, mas como foi tudo muito corrido e a liberação não chegava, resolvi colocar “Abandono”. Mas é claro que eu queria ter gravado uma composição dele. Eu até brinquei com o Dudu, quando participei do seu programa dizendo que seu pai poderia ganhar “uns troco” comigo. Mas tudo bem, no ano passado eu gravei “Todas as manhãs” e fiquei muito feliz. Não é que o Roberto não tenha me autorizado a gravar suas músicas. Nós é que não tivemos tempo de conversar. Tenho certeza de que se pedisse para gravar alguma música ele permitiria, como no ano passado permitiu que eu gravasse “Todas as manhãs”.

* Tem alguma música nesse disco que você considere especial?
"SR" – Tem algumas músicas que me sinto bem cantando, como “Abandono”, “Se eu partir”, do Fred Jorge. Teve outras que gostaria muito de ter gravado, mas não ficaram boas no meu timbre de voz porque na época da gravação o Roberto Carlos tinha mais agudo que eu, e como não conseguiria chegar ao seu timbre de voz, ia ficar muito forçado. Eu também quis selecionar músicas que ficassem bonitas na minha voz. Eu também resolvi mostrar para a nova geração algumas músicas que foram sucesso na Jovem Guarda, mostrar o que o Roberto Carlos fazia na época.

* Foi difícil escolher as quatorze músicas?
"SR" – Deus nos livre, foi muito difícil! Foram cinco pessoas ouvindo cento e quarenta músicas durante um mês, dia e noite. Quando comecei a gravar, tive o cuidado para que as minhas gravações não ficassem iguais às do Roberto. Sobre os arranjos, fizemos um trabalho bem romântico porque não há como colocar arranjos sertanejos nas músicas do Roberto Carlos. É claro que em algumas músicas entrou uma sanfona ou uma viola, porque cabiam, mas nada de Roberto Carlos sertanejo. As pessoas que forem ouvir o disco não pensem que estou cantando como o Roberto Carlos, porque perto dele eu sou um zero à esquerda, afinal o Rei é ele.

* Quais as quatorze músicas que você gravou?
"SR" – “O tempo vai apagar”, “Como vai você”, “Com muito amor e carinho”, “Outra vez”, “Eu daria a minha vida”, “O Homem Bom”, “A namorada”, “Nossa canção”, “Vivendo por viver”, “Abandono”, “Custe o que custar”, “Não precisas chorar”, “Se eu partir” e “De coração pra coração”. A música “O Homem Bom” é de um músico da minha banda, o Clayton Querido, que a fez em parceria com o Paulo Sette.

* Como foi dar uma interpretação especial às músicas para que ficassem diferentes das gravações do Roberto Carlos?
"SR" – O Roberto Carlos tem uma forma de cantar que é só dele. Quem entende de música vai compreender o que vou falar. Ele faz a parte melódica no meio e pára no final da frase. Ele não estende a frase. Outra característica é que o Roberto às vezes atrasa o inicio da frase para entrar em seguida. Ele deixa a orquestra tocar a melodia para pegar em seguida. Ele faz isso muito bem. Para que as minhas interpretações não ficassem parecidas com as dele eu procurei cantar as músicas no tempo da orquestra.

* Vamos falar um pouco de sua participação no Especial do Roberto Carlos em 96, com o Almir Satter?
"SR" – Essa ideia partiu do autor da novela da Globo, “Rei do Gado”, o Benedito Rui Barbosa. Os nossos personagens, a dupla Saracura & Pirilampo, estavam querendo gravar um disco e na época Roberto estava preparando seu Especial. Foi aí que alguém sugeriu ao Benedito a nossa participação no Especial. Levaram a ideia ao Roberto e ao Jorge Fernando, diretor do Especial, e eles toparam. Inclusive o Roberto gosta muito do Almir e um pouco antes do programa nos encontramos no estúdio. Nós estávamos gravando o nosso CD, “Saracura & Pirilampo”, e o Roberto também estava no estúdio gravando o seu disco. Ele nos chamou e foi bonito o encontro dele com o Almir; eles ficaram muito emocionados. Quem se lembra do Especial há de recordar que ele foi uma continuação do capitulo da novela “O Rei do Gado”. Naquele dia a novela terminou com o Saracura & Pirilampo entrando no Olympia para participar do Especial do Roberto Carlos.

* Foi difícil o Roberto cantar uma moda de viola?
"SR" – Não, porque um mês antes do Especial, ele recebeu um CD com a nossa gravação, e a Maria Rita o ajudava nos ensaios. No dia da gravação, ele até brincou dizendo que ela sabia mais a música do que ele. Se repararem no programa aparece um close dela cantando a música. É difícil cantar moda de viola, porque a viola só dá a entrada e o ritmo vai no fôlego do cantor. Mas o Roberto Carlos se saiu muito bem, mesmo não estando acostumado a cantar esse tipo de música. Não foi preciso mais do que três ensaios antes da gravação.

* Qual a importância do Roberto na MPB?
"SR" – É tudo, o Roberto é um patrimônio nosso, é o maior ídolo que nós temos, o nosso maior nome. Ele já tem um nome na história da nossa música, mas apesar disso ele continua trabalhando a sua carreira com muito cuidado e carinho. O primeiro na MPB é ele. Roberto tem seu público cativo até hoje. Quanta gente se conheceu, namorou e casou ouvindo Roberto Carlos? Quanta gente chorou ouvindo Roberto Carlos? Cada um tem sua música de Roberto Carlos favorita. É um excelente caráter, um homem sério, sempre se dedicou a tudo com muito amor, se entrega de corpo e alma, por isso é que continua sofrendo com a perda da Maria Rita. O artista tem uma obrigação social, não é só cantar bonito, e o Roberto tem consciência dessa obrigação, ele só fez coisas boas para o povo brasileiro, por isso é que merece tudo o que tem. É um grande homem, um amigo, um bom cantor.

* Na sua opinião, qual o segredo do sucesso de Roberto Carlos?
"SR" – Acho que a sua simplicidade. Roberto cuida da sua vida, não se mete na vida dos outros nem em assuntos políticos. Ele está mais do que certo ao ser imparcial politicamente. Ele não deve se envolver nesses assuntos. Ele só cuida de sua carreira e de sua vida.

* Como você define Roberto Carlos?
"SR" – Uma personalidade. Roberto é um nome de respeito. Quando se fala de Roberto Carlos tem que se falar com respeito, não se pode falar nada contra ele como ser humano. Digo isso porque nesses anos todos de carreira nunca vi o Roberto Carlos metido em qualquer escândalo, em nada que desabonasse sua imagem, nunca vi tomar alguma atitude incorreta, fazer um desagravo contra qualquer amigo. Nunca vi Roberto destratar ninguém. Isso é notório.

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